terça-feira, 31 de março de 2009

Convite - Noite de autógrafos (RJ)


Champagne de graça! Weeeee!!!

Dia 14 de Abril (terça-feira), na Livraria da Travessa do Shopping Leblon.

19:00, Av. Afranio de Melo Franco 290. Estejam lá!

Meu conto "Aposentadoria Compulsória" é sobre um assassino que usa óculos com lentes à prova-de-bala (Cool!).

ps. Eu vou estar com um blaser verde, jeans preto e Timberlands.

domingo, 29 de março de 2009

Aquele onde preciso de alguns dias pra pensar

A segunda filha da minha prima nasceu anteontem. Ela tem a mesma idade que eu e já tem um casal de filhos. Eu tenho 2 poodles e 3 cactos.

Não estou com inveja dela. Deus, não. Eu ainda sou um "filho". E tenho certeza que não tenho o material certo pra ser um "pai". Reli a última linha, ficou esquisito. Eu TENHO o material certo, ok? Só que... fui visitar ela no hospital hoje. O marido dela estava lá.

R: Hey, parabéns pra... Uou, podia cobrir isso? Já cobriu? Argh, ainda não. Eu volto depois.

A: (NOME CENSURADO) larga de ser doente. Estou só amamentando. E vc já viu eles antes.

R: Quando eu tinha mais seios do que vc! *E o seu marido não estava junto. Oi, Gustavo! Trouxe isso. São charutos de chocolate. Trouxe 3. Um pra vc, pra vc e... ela já pode comer chocolate? Não? Ok, sorte minha.

A: Pronto, já pode se virar.

R: Hm, bonitinho. Ainda tem um pouco de... aí no canto da boca. Não, no outro lado. Isso. Nossa, eles já nascem com cabelo? Que coisa. Morde?

A: Vc quer segurar um pouco?

R: Não.

G: Pode segurar. Vamos lá, tio.

R: Haha, certo. Ahn, nada disso de "tio", ok? Ela não é minha irmã, então ele...

A/G: Ela.

R: Ela não é minha sobrinha. Eu não sou tio. Eu não sou seu tio. Ela tá me vendo? Ela já enxerga?

A: (NOME CENSURADO).

R: O que?

A: Segura ela.

R: Tá, mas deixa eu sentar antes. Se cair a queda é menor e... Oi.

A: E então?

R: Ela é maravilhosa. Vocês dois estão de parabéns. Oi, eu sou seu... O que eu sou?

G: Bom, tecnicamentre vc não é nada.

A: Gustavo!

R: Não, ele está certo. Tecnicamente não sou nada. O que é bom. Ela é bem bonitinha. Teoricamente posso me casar com ela, haha... ok, sem graça. Hm.

A: (NOME CENSURADO) a gente conversou e... vc gostaria de ser o padrinho dela?

R: ...

G: Não precisa responder agora.

R: Não, eu posso responder agora. E eu, desculpem, segura ela aqui. Ahn, eu agradeço. Realmente, mas... não, eu não gostaria disso.

A: Por que não?

R: Sou uma péssima escolha. Imagina, se vcs morrerem, querem mesmo que eu seja responsável por ela? Eu confundo Earl Grey com Jean Grey.

G: Quem?

R: Earl Grey é um chá e Jean Grey é uma ruiva do X-Men. Não? Jeeeeaaaaaan! Certo, vc não é um fã. Ahn, onde que eu estava?

A: Recusando ser padrinho com desculpa esfarrapada.

R: Isso. Ela está olhando pra mim? Olá, vc cheira esquisito e escolheu uma péssima hora pra nascer. A Terra vai acabar em 2012. Que timing, hein? Ela está sorrindo. Hey, ela está sorrindo! Isso é... bacana.

A: ...

R: Vou pensar, ok?

Vou pensar.


* A penúltima vez que vi os peitos da minha prima, nós tinhamos 11 anos e eu uns 98 quilos.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Aquele onde tudo volta ao normal

Sigo 241 pessoas no Twitter. Todas são pessoas que me seguem também, sigo essa lógica. Ou seja, tirando os estrangeiros e entidades, só sigo se a pessoa me seguir também.

Menos uma.

Não sei quando adicionei ela ou o motivo. Ela não me segue, não sabe que existo, não lê o que escrevo. Então pelas minhas próprias regras eu devia deletá-la. Mas não faço isso. O motivo é simples. Gosto de ver seu rosto surgir inesperadamente na minha vida. E não imagino uma razão suficientemente boa para apagar sua presença dela. Isso não é uma cantada, é muito mais do que isso.

Claro que eu não a amo. Nem eu na minha fase Charlie Brown dos anos 90 me apaixonava tão rápido e tão sem motivos. Mas eu poderia. E esse é o ponto. Eu poderia e muito facilmente. Ela ou qualquer uma agora. Perceber isso foi inesperado e maravilhoso. Sou capaz de me apaixonar de novo. Garota anônima do lindo sorriso, alguém te...

H: Alguém te... o que?

MLK: Termine a frase, seu *******!

R: Sem pressa, caras. Pela primeira vez em meses, estou em paz.

H/MLK: ...

R: Perguntas?

MLK: Quando disse "qualquer uma"...

R: Linguagem poética.

H: Ufa!

terça-feira, 24 de março de 2009

O fim.

Diálogo real (5 de outubro de 2008)

R: Oi, padre. Eu de novo.

P: Quer parar com isso de “Oi, padre”. Sou seu primo, *****!

R: Seja profissional e respeite o local, ok? Caramba.

P: Tá, tá. Então, o que fez ontem… ahn, filho? Pecou?

R: …

P: Ei, (NOME CENSURADO). Ei!

R: Pode abrir esse negócio e falar comigo… cara-a-cara?

P: Claro. Claro, o que houve?

R: Quanto tempo está nessa igreja?

P: Dois anos.

R: Eu não vim antes, e… foi mancada. É uma bela igreja. Todos esses detalhes dourados e anjos gordinhos. Os olhos podiam ser mais bem feitos. Aquele ali parece que tá infartando.

P: O que aconteceu?

R: … eu não sei. Sabe quando… o que há com as pessoas, cara? Por que… isso é besteira.

P: Toma, usa isso. Não, pode usar. Não sou eu que lavo mesmo. Escuta, já votou?

R: Já.

P: Vamos tomar um porre de vinho. E depois você me conta o que aconteceu.

R: Eu não bebo.

P: Talvez. Mas mesmo assim vamos fazer isso.

R: Cortou o cabelo. Ficou bom.

P: E o seu está… desculpa, não sei elogiar homem.

R: …

P: Quer um abraço?

R: Não. Sim. Não. Sim, eu quero. Quero um abraço.

P: As coisas acontecem e na hora a gente pergunta se merecia ou se foi apenas vítima de um destino cruel. Mas o fato é que não compreendemos, não somos capazes de compreender como Ele pensa. Quero dizer, o cara mandou o próprio filho para ser torturado e crucificado, *****! Imagina o que Ele é capaz de fazer com a gente então.

R: Não preciso imaginar. Ele é como um traficante que pega um sujeito limpo, oferece drogas e faz o cara ficar viciado em algo que antes nem precisava. É isso. Seu chefe é um babaca.

P: Está na pior por isso vou dar um desconto. O estilo dele é truculento, mas o cara é uma mãe. Olha pra mim, dá pra acreditar que eu iria estar aqui ainda? Emprego, uniforme, mandando os outros rezarem, ouvindo um bando de fofocas o dia todo. Tudo fará sentido no final. E você está aqui, não está? O próprio (NOME CENSURADO) dentro de uma ***** igreja. Hahahah! Aleluia.

R: ****. Amém. Isso funciona?

P: O microfone. Claro, por que? Vai fazer um sermão?

R: Liga o som e vai pro piano.

P: É um órgão.

R: Hahaha! Você disse “órgão”.

5 minutos depois…

P: Pode começar. No três. Três, dois… vai!

http://tinyurl.com/dcxov6

R: As I walk this land with broken dreams, I have visions of many things. Love’s happiness is just an illusion filled with sadness and confusion. What becomes of the broken hearted? Who had love that’s now departed? I know I’ve got to find some kind of peace of mind.

P: Maybe, yeah!

R: The fruits of love grow all around but for me they come a tumblin’ down. Every day heartaches grow a little stronger. I can’t stand this pain… much longer. Desculpa, desliga tudo!

P: I walk in shadows searching for light. Cold and alone no comfort in sight, hoping and praying for someone to care. Always moving and goin to where.

R/P: What becomes of the broken hearted? Who had love that’s now departed? I know I’ve got to find some kind of peace of mind. Help me, please.

P: I’m searching though I don’t succeed, but someone look, there’s a growing need. Oh, he is lost, there’s no place for beginning, all that’s left is an unhappy ending. Now what’s become of the broken-hearted who had love that’s now departed? I know I’ve got to find
some kind of peace of mind.

R: I’ll be searching everywhere just to find someone to care.

P: I’ll be looking everyday…

R: I know I’m gonna find a way, nothings gonna stop me now… nothings gonna stop me now… stop me now.

P: Agora o vinho!

Aquele onde me despeço de vc

Em algum lugar estar acordado a essa hora não é errado. Eu devia estar lá.

♫ http://blip.fm/~2k15g

Durante vários meses eu namorei com um celular. Dormi “abraçado” com o aparelho (eu sei, eu sei, radiação. Não tem problema, não vou morrer disso). Eu sorria para a tela e quando ele tocava, eu escutava vc me dizendo “Eu te amo, eu te amo, eu te amo…”.

Ele não toca mais hoje. Está desligado faz muito tempo e a bateria demorou a morrer mas finalmente apagou totalmente hoje de manhã. Minha irmã disse que é impossível ele ter durado tanto, mas eu acredito em milagres. Sempre acreditei e acho que por isso eles também acreditam em mim.

Coloquei o aparelho (segurei com um lenço, não tive coragem de encostar, algo aconteceria com certeza). Depositei ele embaixo da roda esquerda traseira do Jerry Lee Lewis (meu Palio vermelho, vc se lembra?). Toquei a música, a nossa música “Wouldn’t it be nice” dos Beach Boys e então passei por cima do celular. Minha mãe estava regando as rosas, ela sabia o que eu estava fazendo. Era eu me despedindo de vc. Pela última vez.

Desde dezembro emagreci 18 quilos. Passei do ponto, estou pele e ossos. Não tenho apetite, não tenho sonhos. Não sorrio mais. O que eu quero com esse “regime” auto imposto? Me parece óbvio: quero sumir. Só que isso não é totalmente verdade, não é? O que eu quero mesmo é que vc suma. Suma.

Eu te dei o meu coração e vc pisoteou ele. Mas são apenas palavras, ou não são? Este sou eu, um Zumbi. Uma sombra de quem já fui. Poderia continuar escrevendo e escrevendo, mas só existe um modo disso acabar. E é assim. Eu te amei, garota. E nunca mais irei amar novamente. Ninguém.

Aquele do Natal em Setembro

R: Não aguento mais frio e chuva, caras. Pessoas sensíveis como eu são suscetíveis ao clima.

H: Tipo, mendigos que viram picolé?

R: Note como vou ignorar você nesse diálogo. Então, Sr.King? Qual a previsão para amanhã?

MLK: Quer que eu minta ou te diga a terrível e deprimente verdade?

R: Minta.

MLK: Vai fazer frio e chover a semana toda.

R: ****! Eu pedi que mentisse. Espera, espera. Se você mentiu é porque na verdade o clima vai ser o contrário do que disse. Então a semana será ensolarada e nada de chuva? Isso é ótimo!

MLK: Ah, tá. Não. Vai ser fria e com chuva mesmo. Escutei errado e achei que queria saber a terrível e deprimente verdade.

R: ****!

H: Sabe o que poderia alegrar a gente? O Natal. Eu adoro Natal. É dezembro, feriado, a comida é divertida e todo mundo parece mais alegre.

R: Continuo te ignorando, mas essa é uma excelente idéia. Todos para o Onomobíl! Vamos comprar o maior peru que tiver e depois iremos montar a árvore de Natal e vamos usar nossos suéteres especiais de Natal!

MLK: Tá falando sério?

R: Sim! Irei desafiar o calendário. Essa semana, vamos ter o melhor Natal de todos! Ei, garoto que dia é hoje?

T: Hoje, senhor? Ora é dia de Natal.

R: Viu? Até o pequeno sem teto está no clima. Obrigado, pequeno sem teto!

T: É pequeno Timmy, seu ****!

R: E um Feliz Natal para você também!

H: Aonde que vamos achar um peru nessa época do ano?

R/MLK: Hihihi…

H: Ora, cresçam!

R: Ele disse “peru” e depois “cresçam”!

MLK: Hahaha, quero dizer: Ho, ho, ho!

http://www.youtube.com/watch?v=XaVtSHrP888

Aquele que vou para o futuro

R: Pensei numa coisa interessante hoje.

H/MLK: Ah, ******!

R: Não, sério. Pensei mesmo.

H/MLK: Ah, ******!

R: Escutem, algum dia eles vão construir a máquina do tempo, certo?

MLK: Eventualmente, se o homem não destruir a Terra antes, sim, imagino que algum dia…

H: E esse dia pode demorar *muito*.

MLK: … alguém vai acabar encontrando um jeito de criar uma máquina do tempo e… o que é isso? Está gravando isso? Tira essa câmera da minha cara!

R: 23 de Outubro de 2008. Olá, homem do futuro! Se está vendo essa gravação é porque encontrou essa fita que guardarei amanhã no cofre e…

H: Como sabe que ninguém vai abrir o cofre antes?

R: Escrevi um bilhete pra colar na porta, logo depois que fechar. Dê uma olhada!

H: “Não abrir antes de inventarem a máquina do tempo. Estou falando sério, seus *****!”. Ah, sim. Isso só pode dar certo.

R: Continuando. Olá, eu de novo. O propósito desta fita é propor um acordo. Eu quero ir para o futuro. Vocês estão me vendo, me busquem. Hoje. Agora.

MLK: Espera. Você vai pro futuro? E o que eles ganham com isso?

R: Eu.

MLK: Ah, sim. Isso só pode dar certo.

R: Então, adeus. Nos vemos no… “presente”.

H: E agora?

R: Agora fecho o cofre, pronto. Colo o bilhete, pronto. E a qualquer momento, serei abduzido pelos homens do futuro.

MLK: …

H: …

R: Qualquer momento agora.

MLK: …

H: …

R: Ei, estou aqui seus *****!

H: Talvez a Terra tenha sido destruída antes da máquina do tempo ter sido inventada.

MLK: Ou os homens do futuro não gostaram de você.

R: Fico com a primeira opção. Um minuto de silêncio pela finada Terra.

H: Achou mesmo que isso ia dar certo?

R: Por que não? Ainda acho. E a qualquer momento posso s

Roteiro "Gambito"

FADE IN.

CENA 1.

TELA PRETA COM A PALAVRA “ABERTURA”.

INT. SALA DE INTERROGATÓRIO - DIA.

UM HOMEM ESTÁ OLHANDO EM PRIMEIRA PESSOA PARA A CÂMERA. ELE ESTÁ SENTADO NUMA CADEIRA E UM GRANDE E FORTE FACHO DE LUZ ESTÁ SOBRE ELE. DE TEMPOS EM TEMPOS VEMOS UMA NUVEM DE FUMAÇA, DO CIGARRO DA PESSOA QUE ESTÁ OUVINDO SEU DEPOIMENTO.

HOMEM - Eles se conheceram na final de um campeonato de xadrez. O jogo durou quarenta e sete horas. Pausas apenas para comer e irem pro banheiro. Pausas de não mais do que dez minutos.

VOZ - Amor à primeira vista?

HOMEM - (ABAFA UMA RISADA) Mais para ódio à primeira vista. (DURANTE ESTA CENA, SÃO MOSTRADAS IMAGENS SILENCIOSAS EM P&B QUE ILUSTRAM O QUE ESTÁ SENDO CONTADO) Já viu dois profissionais jogando? É brutal. Só aí você entende porque chamam xadrez de esporte. Cada movimento, a espera, o suspense. Mas em algum momento do combate, eles passaram a se respeitar. E quando, ele ou ela, eu não sei, propôs o empate, fizeram mais do que simplemente apertar as mãos.

VOZ - Se casaram pouco tempo depois.

HOMEM - Muito pouco tempo depois. E em menos tempo ainda as brigas começaram. Ou recomeçaram, seria melhor dizer. De qualquer modo assim como no xadrez, uma coisa precisa ser dita: eles tinham paciência. Demorou dez anos e dois filhos, um casal, pra finalmente admitirem que o casamento havia sido um erro, e depois mais cinco até os termos do divórcio serem aprovados.

VOZ - Os termos. A imprensa fez um barulho danado.

HOMEM - Claro que fez. (SORRI) Claro que fez. Basicamente eles dividiram todos os seus bens pela metade, mas havia essa cláusula, algo definitivamente sinistro, que hoje sabemos que foi criado em conjunto pelos dois. (DURANTE ESTA FALA MOSTRAR EM P&B O CASAL ASSINANDO PAPÉIS. O HOMEM QUE ESTÁ SENDO INTERROGADO TAMBÉM ESTÁ PRESENTE. ELE CONFERE OS PAPÉIS ASSINADOS E FAZ QUE “SIM” COM A CABEÇA PARA OS DOIS. NOVAMENTE O CASAL APERTA AS MÃOS, NUM GESTO QUASE IDÊNTICO AO QUE FIZERAM NO FINAL DO CAMPEONATO DE XADREZ).

VOZ - Que se um morresse, independente de quando ou como, sem maiores investigações, todo seu patrimônio seria passado para o sobrevivente.

HOMEM - Sinistro, hein? Mas tudo colocado de maneira tão sutil que nem um dos muitos advogados envolvidos suspeitou… a tempo. Até o dia fatídico.

CENA 2.

TELA PRETA COM A PALAVRA “XEQUE”.

EXT. FAZENDA - DIA.

UMA MULHER ELEGANTEMENTE VESTIDA E UM HOMEM VELHO, USANDO UM GRANDE AVENTAL PRETO DE BORRACHA, ESTÃO ATRÁS DE UMA CERCA. NA FRENTE DELES, A UNS DEZ METROS DE DISTÂNCIA ESTÁ ALGO PARECIDO COM UMA MINÚSCULA PLACA DE COMPUTADOR (INCREMENTADA COM UM TAMBÉM PEQUENO INTERRUPTOR E UMA A LUZINHA VERMELHA) EM CIMA DE ALGUMAS TORAS DE MADEIRA.

O VELHO TIRA OUTRO APARELHO DE SEU AVENTAL E CERIMONIOSAMENTE PASSA ESTE PARA A MULHER. A MULHER OLHA O APARELHO POR UM INSTANTE E ENTÃO DISCA UM NÚMERO.

ELA CONTINUA SEGURANDO O CELULAR E AGORA ESTÁ OLHANDO COM ATENÇÃO PARA SEU RELÓGIO DE PULSO. CLOSE NOS PONTEIROS. NOVAMENTE CLOSE NO RELÓGIO. QUANDO ESTE MARCA X SEGUNDOS O OBJETO QUE PARECIA UMA PLACA DE COMPUTADOR EXPLODE, FAZENDO LASCAS GRANDES DE MADEIRA VOAREM PRA TODO LADO.

O VELHO E A MULHER OLHAM ASSUSTADOS, MAS SORRINDO, PARA O RESULTADO DA EXPLOSÃO. A MULHER, SEM DESVIAR OS OLHOS, PASSA PARA O VELHO UM ROLO COM NOTAS PRESAS POR UM ELÁSTICO.

CENA 3.

TELA PRETA COM A PALAVRA “MATE”.

INT. FRIGORÍFICO/ ESCRITÓRIO - NOITE.

UM HOMEM ESTÁ SENTADO EM SUA ESCRIVANINHA, OLHANDO FIXAMENTE PARA FRENTE. ELE ESCUTA PASSOS E SE AJEITA UM POUCO. ESCUTA BATIDAS NA PORTA.

HOMEM - Entre.

UM SUJEITO (FUNCIONÁRIO) ENTRA NO ESCRITÓRIO.

SUJEITO - Já estou de saída, senhor.

HOMEM - Claro, claro. (ESTALA OS DEDOS E MEXE O PESCOÇO) Foi um dia cheio. Ainda preciso revisar um ou dois documentos.

SUJEITO - Gostaria que eu ficasse?

HOMEM - Hum… não, já está tarde. Pode ir, obrigado. Eu cuido de tudo.

SUJEITO - Perfeitamente. Boa noite, senhor.

ASSIM QUE A PORTA SE FECHA O HOMEM SE LEVANTA E TRANCA A PORTA. AGUARDA UM INSTANTE E ENTÃO VAI ATÉ O CANTO DIREITO DO ESCRITÓRIO E OLHA PARA UM MISTERIOSO VOLUME NO CHÃO.

HOMEM - Eu cuido de tudo…

CENA 4.

INT. FRIGORÍFICO/ GELADEIRA - CONT.

O HOMEM DA CENA ANTERIOR ENTRA NUMA GRANDE GELADEIRA DE ESTOCAR CARNE, ELE DEPOSITA O MISTERIOSO VOLUME NO CHÃO. ASSIM QUE ELE LARGA, ESFREGA OS BRAÇOS PARA ESPANTAR O FRIO.

DECIDE OLHAR PARA O CONTEÚDO DO SEU “EMBRULHO”. ELE LEVANTA PARTE DA COBERTA E VEMOS QUE É A MULHER DA CENA ANTERIOR. ELA ESTÁ DESACORDADA COM UM VISÍVEL FERIMENTO NA CABEÇA. O SORRISO DO HOMEM SE APAGA E POR UM INSTANTE PARECE QUE ELE IRÁ DESISTIR DA COISA TODA, MAS POR FIM, ELE SE LEVANTA, OLHA PARA O CONTROLADOR DE TEMPERATURA E GIRA O TERMOSTATO ATÉ O MÁXIMO PARA A ESQUERDA. O HOMEM VAI EMBORA, FECHANDO A PESADA PORTA DE METAL.

CENA 5.

TELA PRETA COM A PALAVRA “GAMBITO”.

INT. SALA DE INTERROGATÓRIO - CONT.

HOMEM - Não sei se você está acostumado com termos de xadrez. Já ouviu falar de gambito? É quando uma peça menor é deliberadamente sacrificada em prol de uma peça de maior valor. (T) Entenda. Ele cometeu um pequeno erro. Um erro fatal.

NOVAMENTE CENAS SEM SOM E EM P&B QUE ILUSTRAM O QUE ESTÁ SENDO CONTADO SÃO MOSTRADAS À MEDIDA QUE A AÇÃO PROSSEGUE.

VOZ - Ela estava viva.

HOMEM - Isso! Mas graças ao celular que ainda estava com ela, sua vingança estava garantida.

VOZ - Ela ligou. Mas o pior aconteceu.

CENA 6.

INT. FRIGORÍFICO - NOITE.

A MULHER ESTÁ DEITADA NO CHÃO. MAL TEM FORÇAS, MAS SORRINDO, CONSEGUE PEGAR SEU CELULAR E O DISCA.

VOZ DE MENINA (EM OFF) - Alô?

A MULHER RECONHECE COM HORROR A VOZ DA PRÓPRIA FILHA. NÃO HÁ MAIS TEMPO PARA NADA. ELA OLHA PARA O RELÓGIO DE PULSO, CLOSE NELE.

MULHER - A mamãe te ama.

ELA ESCUTA O SOM DE EXPLOSÃO ATRAVÉS DO APARELHO. O CELULAR CAI DE SUA MÃO.

CENA 7.

INT. SALA DE INTERROGATÓRIO - CONT.

HOMEM - O pai se matou na mesma noite.

VOZ - E o filho?

HOMEM - Foi morar no estrangeiro com um tio. A última vez que ouvi falar dele foi que ganhou o campeonato europeu de xadrez pela terceira vez consecutiva.

VOZ - Quarta.

O HOMEM COMPREENDE COM QUE ESTAVA FALANDO O TEMPO TODO. TENTA NÃO PARECER NERVOSO, MAS QUANDO VAI FALR, SUA VOZ TREME. PELA PRIMEIRA VEZ A CÂMERA SE AFASTA O SUFICIENTE PRA NOTARMOS QUE ELE ESTÁ AMARRADO NUMA CADEIRA.

HOMEM - O que quer que esteja pensando, está errado. Eu era amigo de seus pais, representei ambos fora e dentro do tribunal.

VOZ - Então o senhor sabia dos termos. O senhor sabia o que iria acontecer e não fez nada para impedir.

HOMEM - Isso foi, isso foi mais de vinte anos atrás, pelo amor de Deus! E seu tio recebeu durante todos esse tempo uma quantia mais do que…

VOZ - Não é pelo dinheiro que estou fazendo isso. Você fez pelo dinheiro.

O HOMEM COMEÇA A GRITAR. SEU INTERROGADOR SURGE DE COSTAS PARA A CÂMERA. ELE ESTÁ USANDO LUVAS. COM BASTANTE FACILIDADE ELE ENFIA UMA PEÇA DE XADREZ (UM PEÃO NEGRO) NA BOCA DO HOMEM E A TAMPA COM FITA ADESIVA.

VOZ - Gambito. Peças menores sacrificadas. Hora de sacrificar a última.

O HOMEM LEVA UM TIRO À QUEIMA ROUPA. SEU CORPO É ARREMESSADO PRA TRÁS E PARA FORA DO FACHO DE LUZ.

FADE OUT.

Roteiro "O Quadro"

FADE IN.

CENA 1.

INT. ESCRITÓRIO - NOITE.

DOIS HOMENS ESTÃO SENTADOS UM NA FRENTE DO OUTRO. UM, O MAIS VELHO, ESTÁ NUMA CADEIRA DE RODAS, O OUTRO ESTÁ AMARRADO: OS BRAÇOS PRESOS NAS COSTAS E AS PERNAS TAMBÉM PRESAS NA ALTURA DOS CALCANHARES. A CADEIRA ONDE ELE ESTÁ, ASSIM COMO TODOS OS MÓVEIS NO ESCRITÓRIO, PARECEM SER EXTREMAMENTE ANTIGOS E EXTREMAMENTE CAROS.

VELHO - É claro que a culpa foi minha. O que uma mulher jovem e linda como ela iria querer comigo? Mas o que é certo é certo, e algo precisa ser feito. Pode imaginar para um homem em minha posição o que… (TEM UM ACESSO DE TOSSE) Desculpe. O que… o que disse?

AGORA VEMOS MELHOR O JOVEM AMARRADO NA CADEIRA. SEU ROSTO ESTÁ UMA MÁSCARA DE SANGUE, UM DOS SEUS OLHOS FECHADO DE TÃO INCHADO. ELE ESTÁ VESTIDO COM UMA CAMISA E UM SHORTS BRANCO.

HOMEM (COM UM FIO DE VOZ) - Não a machuque. Por favor.

O VELHO PARECE ADMIRADO. SE APROXIMA COM SUA CADEIRA PARA FRENTE E FAZ QUE SIM COM A CABEÇA.

VELHO - Dou a minha palavra que ela está fora disso. O meu negócio agora é somente com o senhor e mais ninguém.

HOMEM - Obrigado.

VELHO - Tive uma vida boa. Uma vida completa e boa. Mas não soube envelhecer. Não vi a graça de envelhecer e quis manter… coisas que não precisava e que não poderia mais aproveitar. (T) Olhe pra este lugar. Todos estes objetos… Sabe o que eles são? Medalhas. (MOLHA OS LÁBIOS COM A LÍNGUA E CONTINUA) Cada um deles tem uma história interessante por trás, mas o campeão… é este aqui. (APONTA COM O BRAÇO PARA TRÁS, ONDE UMA GRANDE CORTINA VERMELHA ESTÁ ESCONDENDO ALGO NA PAREDE) É um quadro. Um quadro muito especial.

O VELHO NUM MOVIMENTO RÁPIDO PUXA A CORTINA QUE CAI PESADAMENTE NO CHÃO. O QUE VEMOS É UMA ESTRANHA MOLDURA FEITA DE PENAS NEGRAS, COM FORMATO OVAL, O CENTRO AINDA COBERTO POR OUTRO PEDAÇO DE PANO. ESTE BEM MAIS RÚSTICO E SUJO.

VELHO - Trouxe comigo da África. Mais ou menos quando tinha a sua idade. Mas não estou sendo exato. Eu chamo de quadro, mas o que está atrás dessa… dessa mortalha, é um escudo. Um escudo feito com a pele de um homem muito, muito mau. (RI E TEM UM NOVO ATAQUE DE TOSSE) Tão mau que seu espírito permaneceu preso aqui.

HOMEM - No quadro?

VELHO - Exatamente! Preso no quadro.

HOMEM - Loucura.

USANDO UMA BENGALA QUE ESTAVA EM SEU COLO, O VELHO BATE NA CABEÇA DE SEU PRISIONEIRO.

VELHO - Olhe o nível. Não estrague tudo agora sendo rude. É uma situação desagradável o suficiente. (SE AFASTA E USA UM CELULAR) Venha me buscar!

UM SUJEITO MUITO GRANDE, VESTIDO COM ROUPAS ESCURAS ENTRA. SE POSICONA AO LADO DO VELHO.

VELHO - Estou cansado. Mostre para ele, mostre agora.

O ARMÁRIO HUMANO VAI EM DIREÇÃO AO JOVEM QUE SE ENCOLHE INSTINTIVAMENTE. MAS ELE PASSA DIRETO E TRÁS PARA FRENTE DO JOVEM ALGO QUE DEMORA ALGUNS SEGUNDOS PARA ESTE COMPREENDER O QUE É. NA SUA FRENTE ESTÁ UM CADÁVER SENTADO NUMA CADEIRA IDÊNTICA A QUE ELE ESTÁ. O CORPO ESTÁ EM TAL ESTADO QUE NÃO É POSSÍVEL QUALQUER IDENTIFICAÇÃO. MAS AS ROUPAS AINDA SÃO VISÍVEIS E ELE AS RECONHECE. O JOVEM COMEÇA A CHORAR.

VELHO - Ela sofreu muito. Até o fim. (DÁ UMA RISADA) Agora, preciso que preste atenção. Ela não prestou e o resultado… (OLHA PARA O CADÁVER E CUSPE NELE, OU PELO MENOS TENTA) É simples: o maldito quadro está vivo. Assim que olhar para ele, ele vai olhar de volta para você. E quando isso acontecer, será seu fim. Porque… está prestando atenção? (PERGUNTA PARA SEU AJUDANTE) Ele está prestando atenção?

O SUJEITO GRANDE SEGURA A CABEÇA DO JOVEM E O OBRIGA A OLHAR PARA O VELHO.

JOVEM (PARA O CADÁVER) - Me desculpe.

VELHO - Patético. Mas o que eu poderia esperar de um professor de tênis? Um professor de tênis cujo único talento é conquistar suas alunas ricas. (T) Mas escute, escute! Compreendeu sua situação? Olhe para o quadro e ele o matará! Escutou bem? Não? Ah, outro inútil. São todos inúteis. (BATE COM A BENGALA NO SEU AJUDANTE) Vamos embora. Isso é nojento.

OS DOIS VÃO EM DIREÇÃO A ÚNICA SAÍDA. O JOVEM COM A CABEÇA ABAIXADA CONTINUA CHORANDO.

CENA 2.

INT. ESCRITÓRIO - NOITE/ CONT.

O JOVEM JÁ NÃO ESTÁ MAIS CHORANDO. DE FATO, ESTÁ FURIOSO. ELE SE JOGA NO CHÃO JUNTO COM A SUA CADEIRA, DEBATENDO COM FORÇA CONTRA UMA DAS PAREDES. MAS A CADEIRA NÃO SE QUEBRA.

ELE COMEÇA A MEXER AS MÃOS COM MOVIMENTOS CADA VEZ MAIS BRUSCOS. AS CORDAS PARECEM CEDER UM POUCO, MAS A PRESSÃO FAZ ELAS O CORTAREM. URRANDO DE DOR, ELE USA SEU PRÓPRIO SANGUE PARA UMIDIFICAR AS CORDAS E SE LIVRAR DELAS. DEPOIS DE OLHAR PARA SEUS PULSOS (ESTÃO EM CARNE VIVA), ELE VERIFICA AS JANELAS (COM GRADES) E A PORTA (TRANCADA).

OLHA PARA O CADÁVER E POR UM MOMENTO PARECE FRAQUEJAR. RESPEITOSAMENTE PEGA A CORTINA E A COBRE. REPARA QUE O PANO SUJO QUE COBRIA O TAL QUADRO, ESTÁ NO CHÃO. OLHA PARA CIMA E VÊ ELE PELA PRIMEIRA VEZ:

O QUADRO É DE FATO UM ESCUDO, MESMO COM POUCA ILUMINAÇÃO, O JOVEM CONSEGUE IDENTIFICAR A FIGURA ESCURA DE UM MENINO NU NO MEIO DE UMA FLORESTA FECHADA. O MENINO ESTÁ DE COSTAS, OLHANDO PARA TRÁS, DIRETAMENTE EM SUA DIREÇÃO.

HOMEM - Louco. Velho louco. (COMEÇA A VASCULHAR O LOCAL PROCURANDO OBJETOS QUE POSSAM AJUDAR EM SUA FUGA. HÁ UM MACHADO E UMA ESPADA MEDIEVAL NA PAREDE. ELE ESCOLHE A ESPADA. E ENTÃO, OLHA PARA O QUADRO MAIS UMA VEZ E DÁ UM GRITO).

O MENINO DA PINTURA NÃO ESTAVA MAIS DE COSTAS. AGORA ESTAVA VIRADO TOTALMENTE DE FRENTE PARA ELE, SORRINDO, DENTES AFIADOS À MOSTRA.

HOMEM - Isso não é possível. (UMA GOTA DE SUOR ROLA DE SUA TESTA PARA SEU OLHO E O FAZ PISCAR. GRITA DE NOVO AO PERCEBER QUE A PINTURA MUDOU NOVAMENTE. AGORA O MENINO ESTÁ SOMENTE RETRATADO DA CINTURA PARA CIMA, BEM MAIS PERTO DELE. AS MÃOS ESPALMADAS NA TELA COM A BOCA ABERTA, AINDA SORRINDO, MAS COM A LÍNGUA, UMA LÍNGUA ABSURDAMENTE GRANDE, LAMBENDO A TELA DO “SEU LADO”).

IMEDIATAMENTE ELE VAI EM DIREÇÃO A PORTA E COMEÇA A ESMURRÁ-LA. SEM OBTER SUCESSO, OLHA PARA A ESPADA E TOMA UMA DECISÃO: SE VIRA E COM ELA ERGUIDA, CORRE EM DIREÇÃO AO QUADRO, ATÉ QUE A VISÃO DESTE O FAZ PARAR.

O MENINO NÃO ESTAVA MAIS EM LUGAR ALGUM DA PINTURA. AGORA, APENAS A FLORESTA FECHADA ERA VISÍVEL NA TELA. O HOMEM SENTA NO CHÃO E COMEÇA A RIR. E ENTÃO COMEÇA A GRITAR.

CENA 3.

INT. ESCRITÓRIO - DIA.

A PORTA DO ESCRITÓRIO SE ABRE. O AJUDANTE DO VELHO ENTRA. ELE OLHA PRIMEIRO PARA O CADÁVER COBERTO PELA CORTINA VERMELHA E DEPOIS REPARA NO CORPO DO JOVEM DEITADO DE BRUÇOS NO CHÃO.

VELHO (OFF) - Cubra o quadro! Faça isso rápido e não olhe para ele.

O AJUDANTE, USANDO A MORTALHA QUE ESTAVA NO CHÃO, TOMANDO CUIDADO PARA NÃO OLHAR, COBRE O QUADRO. SAI E VOLTA COM O VELHO.

VELHO (ESTÁ SORRINDO E ENTÃO PERCEBE QUE ALGO ESTÁ ERRADO) - Onde ele está? Onde está aquele maldito…

NÃO TERMINA A FRASE. DO PEITO DE SEU AJUDANTE SURGE A LÂMINA DA ESPADA E ELE CAI MORTO IMEDIATAMENTE. O VELHO DESMAIA AO VER ESSA CENA.

CENA 4.

INT. ESCRITÓRIO - DIA/ CONT.

VEMOS APENAS O VELHO E UM VULTO ATRÁS DELE. O VELHO DÁ UM GRITO AO PERCEBER QUE NA SUA FRENTE ESTÁ O QUADRO: SEM A CORTINA. COM A PINTURA DO MENINO DE COSTAS, OLHANDO PARA TRÁS.

VELHO - O que? O que aconteceu?

HOMEM (ELE É O VULTO ATRÁS DO VELHO, AINDA NÃO PODEMOS ENXERGÁ-LO POR COMPLETO) - É claro que a culpa foi minha. E vou pagar pro resto da minha vida. Mas o que é certo é certo, e algo precisa ser feito…

VELHO (COM OS OLHOS FECHADOS) - Meu jovem, posso entender a sua raiva. Mas agora pode fazer algo muito estúpido e criminoso ou poderá sair daqui um homem muito rico…

HOMEM - Ninguém vai sair daqui. Descobri um modo de vencer o quadro, sabe? Um modo prático e doloroso. Mas não pretendo sair daqui. Apenas quero ficar com você, quando ele finalmente estiver livre. (T) Deverá ser uma visão magnífica… Pena que só você poderá aproveitar.

A CÂMERA MOSTRA O ROSTO DO JOVEM: ELE ESTÁ SEM OS DOIS OLHOS. ELES FORAM ARRANCADOS DE FORMA EXTREMAMENTE RUDIMENTAR.

HOMEM (SORRI) - Terei que me contentar com os gritos.

O JOVEM ERGUE A ESPADA QUE ESTAVA SEGURANDO, E A CRAVA NA COXA DO VELHO QUE GRITA E ABRE OS OLHOS, OLHANDO PARA O QUADRO. DIRETAMENTE.

FADE OUT.

Aquele de 2008 (um bom ano!)

http://www.youtube.com/watch?v=U5YqI6n4Cnw

R: Acredita em tudo que aconteceu esse ano?

H: Eu ainda estou tonto. Na verdade eu estou tonto desde os anos 80, mas você sabe o que eu quero dizer.

R: E como! Sr. King? Que ano, hein?

MLK: Alguém anotou a placa do ano que me atropelou?

R: Pessoas sumiram, pessoas novas apareceram, amigos viraram estranhos, estranhos viraram amigos.

H: …

R: E eu cada vez mais esbelto e elegante.

H/MLK: *******!

R: Sabem, o corpo humano está em constante morte e renascimento. Literalmente todas as nossas células são trocadas por novas versões de tempos em tempos.

MLK: Mesmo os neurônios?

R: Sim. Até mesmo nossas pequenas células cinzentas.

H: Talvez até nossas almas.

R: Eu acredito nisso. Em algum momento desse longo e singular ano, tudo foi renovado. E agora…

MLK: O próprio ano será.

R/H: …

MLK: Um brinde a 2008! Todos irão brindar por 2009, mas não podemos esquecer dos velhos amigos.

R: 2008.

H: 2008.

http://www.youtube.com/watch?v=pPDhGbsVhJc

Aquele do Bos... ahn, As Panteras

MLK: Olá, meu nome é Martin Luther King. Sim, o cara dos selos. Eu… quer dizer alguma coisa, Herbert?

H: Tenho uma dúvida. É meio urgente.

MLK: Tá.

H: Com qual das “Panteras” você mais se identifica?

MLK: ******.

H: Eu não me lembro dessa.

R: Deve ter sido depois que a Farrah Fawcett saiu do programa.

MLK: ****** que raios de pergunta imbecil é essa e…

H/R: …

MLK: Com a Sabrina. Porque ela era inteligente além de sexy.

H: Eu também! E você?

R: Quando eu era criança, minhas primas e eu brincávamos de “As Panteras”. E eu sempre, sempre, era o Bosley. Crianças podem ser incrivelmente cruéis.

MLK: Por que você era gordo?

R: Hm.

H: Ou talvez por que Bosley era um homem e você também?

R: Então por que eu não podia ser o Charlie? Hein? Ahn? Charlie é homem! Eu sou um homem! EU SOU UM HOMEM, ********!

MLK: Esqueça o Charlie. E de mais a mais, você preferiria ser uma delas do que o Bosley?

R: …

MLK: Hm?

R: Sim. Eu preferiria ser uma “Pantera” do que o ******* do gordo do Bosley.

H: Huh, honestidade demais!

http://www.youtube.com/watch?v=97kuLYdboxA&feature=related

MLK: Natal, época de paz e gratidão. Quando olhamos pra trás e…

R: Bosley.

MLK: … refletimos sobre tudo que passou. As coisas más e as coisas…

R: Eu podia ser a Kelly. Ou até a porcaria da Jaclyn que só apareceu quando a série já estava decadente. Mas não… Eu era o Bosley!

H: Quem ganharia numa luta? O McGyver ou o Manimal?

R: Essa é fácil.

MLK: Essa é super fácil.

http://www.youtube.com/watch?v=nBXHYWLu6GQ

http://www.youtube.com/watch?v=lP_2YffJhmg

R: McGyver.

MLK: Manimal.

R/MLK: QUE TÁ MALUCO?!

Aquele do J.

R: Se não tivessem matado ele, quantos anos ele teria hoje?

MLK: Dois mil e oito. Quase dois mil e nove anos.

R: Lembra quando ele jogou uma cobra viva dentro da sua barraca?

MLK: Hahhahaha, não. Espera aí… aquela cobra foi ele quem jogou? ****** de uma *****.

R: Sinto falta dele. Outro dia tentei lembrar do som de sua voz e não consegui.

MLK: É, ele era legal. Hippie do *****.

R: …

MLK: Todo mundo tem aniversários, mas só ele tem o Natal. ***** de sorte.

R: Acha que ele está em algum lugar? Quero dizer, vivo?

MLK: Reencarnado? Não. Mas a idéia dele pulando no meio de nuvens e tocando uma harpa é igualmente revoltante.

R: Então ele está morto e fim?

MLK: Não sei. Vivemos numa época tão cínica que acreditar em milagres ou no divino é puro desespero ou ignorância. Pfui!

R: Em que você acredita?

http://www.youtube.com/watch?v=Ym0×3vTw6yc

MLK: Acredito que as pessoas são burras. E se elas acreditam no nada eterno, as chances de algo existir no além vida são enormes.

H: Estão falando de quem?

R: Do J. Não chegou a conhecer ele, Herbert. Um cara legal. Meio pancada das idéias: parecia criança quando começava com suas teorias disso e daquilo.

MLK: E foi morto. Igual eu.

H: Ele tinha um cabelo horroroso e péssimo gosto para mulheres?

R: Ele mesmo.

H: John Lennon?

MLK: E um Feliz Natal para todos nós.

Aquele do besouro estercoreiro

R: Outro dia vi um besouro estercoreiro.

H: O que é um besouro estercoreiro?

R: Sr. King?

H: O Sr. King é um besouro estercoreiro?

R: Não, asno. O Sr. King sabe e ele vai dizer. Sr. King?

MLK: É um besouro. E ele mexe com esterco. Por isso, chamam o **** de estercoreiro.

H: E o que ele faz com o esterco?

R: Ele fica empurrando uma pelota de esterco o dia todo. Uma bola de ***** com quase o dobro do tamanho dele.

H: E é pesado? Comparativamente falando.

R: Não sei. Nunca pesei esterco.

MLK: E?

R: E nem besouros.

H: O que ele faz com a bola de *****?

R/MLK: …

H: Ele come?

R: Deus, Herbert. Não! Quero dizer, sei lá.

H: E onde ele acha ***** com esse formato? Já está pronto ou ele que fica…

MLK: Tenho uma pergunta mais importante.

R: Diga.

MLK: Por que ***** estamos falando sobre isso?

R: Porque acredito que daria um bom assunto. Todo dia eu me dedico a descobrir tópicos interessantes para conversarmos e acredite, nem sempre é fácil!

http://www.youtube.com/watch?v=RvmdqkdRHZU

MLK: Ah, eu acredito.

H: Ele coleciona? Ele faz um muro com bolas de esterco? Ele sabe pelo menos o que ele está rolando por aí o dia todo? Alguém devia dizer para ele!

R: Viu? O Herbert achou interessante!

H: “Oi, você já ouviu falar do ditado “Você é o que você come”? Bom, meu amigo, sinto informar que graças a sua dieta balanceada, você é um grande e fedorento pedaço de *****.”

R: Hahahhahah! Eu ri disso.

MLK: 2008 mas que ano *****. Queria que um gigantesco besouro surgisse e rolasse com ele pra longe daqui.

H: “Você o que? Fica olhando todo mundo ***** para encontrar estercos redondos? Que tipo de… que tipo de vida é essa? Não tem vergonha? Os outros besouros fazendo coisas importantes e você rolando um pedaço de ***** com o dobro do seu tamanho? Isso é nojento. Deus! O que há de errado com você? O que há de errado com você além de você ser um ***** de besouro que não tem nada melhor pra fazer do que ficar carregando ***** de um lado pro outro a ***** do dia todo? Idiota!”

Aquele onde as árvores tombam sem fazer som

H: Um dia um monge dormiu sob uma árvore e sonhou que era uma borboleta. Quando…

R: O monge era gay?

H: Que?

R: Esse monge, ele era gay?

H: Acho que não. Eu não sei. Isso não importa.

R: Não importa ou você não se importa?

H: …

R: Temos um problema, Houston?

H: Posso continuar com minha parábola? Obrigado. Onde eu estava?

MLK: Monge gay sonhou com borboleta.

H: Isso. E o sonho foi tão vívido que quando ele acordou, o monge não sabia se ele era um monge que sonhou ser uma borboleta ou se era uma borboleta que estava sonhando ser um monge.

R: Entendo. Que ***** é essa?

H: É um problema filosófico sem solução cujo objetivo é…

R: É a opção “a” é claro!

H: Acabei de dizer que o lance é exatamente o problema não ter solução!

R: Herbert, uma borboleta tem o cérebro, ou aquilo que insetos estúpidos tem equivalente a cérebros, do tamanho de uma cabeça de alfinte. Acha que esse **** seria capaz de sonhar algo tão complexo quanto a opção “b”?

H: …

R: Acha?

H: Não.

R: Então logo só resta a opção “a”. De qualquer maneira, o sonho dos dois lados é idiota.

MLK: E gay.

R: E gay. Sonhar que é uma borboleta… francamente.

H: Ok, ***** vocês dois. Mas tenho mais uma. Uma árvore tomba numa noite tempestuosa sem ninguém testemunhar esse fato. Ela faz algum som?

MLK: Faz. Mais ou menos o mesmo som que faria se tivesse testemunhas. Claro que faz. E aposto que era a mesma árvore que o monge gay dormiu embaixo. A árvore se matou de desgosto. Rá rá! Por que não está rindo?

R: A árvore não fez som algum. Porque as coisas só se tornam reais quando compartilhadas com os outros.

H: … Isso! Exatamente. Alguém diga “amém”!”

MLK: Amém.

H: Alguém diga “aleluia”!

MLK: Aleluia.

H: Como sabia essa resposta?

R: Minha avó morreu sozinha num asilo. A família inteira votou e ela morreu sozinha num asilo. Sem ninguém que ela conhecesse por perto.

H/MLK: …

R: Sem fazer som.

http://www.youtube.com/watch?v=LTI3tqSOGD8

Orkuticídio (parte 2, conclusão)

R: Hm. Mais de 72 horas. Herbert, pode mudar de vermelho para laranja.

H: Estamos fora de perigo?

R: Nunca. Apenas enjoei dessa cor e… preciso de um banho. E de meus cremes, e de um perfume novo, e uma jaqueta nova. O que disse, Sr.King?

MLK: Nada. Por que ainda estamos aqui? Eu vi você clicando o botão para excluir sua conta…

R: Duas vezes.

MLK: Duas vezes. Por que estamos aqui?

R: Acredita em milagres?

MLK: Não mesmo.

R: Então foi um bug. É raro mas acontece e não há mérito ou significado algum.

MLK: Talvez os milagres sejam isso. Bugs do Universo.

H: Cínicos. Não podem simplesmente aceitar uma coisa boa? Pra que questionar?

R: Nada indica que foi uma “coisa boa” não desaparecermos, Herbert. E talvez ainda vivamos para confirmar isso.

H: …

MLK: Sorvete?

R: Eu quero. Light?

MLK: Claro.

R: Hm.

http://www.youtube.com/watch?v=3Oec8RuwVVs

Orkuticídio

H: Ainda estamos aqui?

R: Aparentemente, já que estamos conversando. Isso é estranho.

MLK: Frustrante. Já tinha me conformado com a idéia da morte. Propaganda enganosa.

R: Hey, eu cliquei em “excluir minha conta” e confirmei. Duas vezes!

H: O que vai acontecer? Quero dizer, quando isso aqui sumir mesmo.

R: Não sei. Ninguém voltou para contar como é. Está com medo?

H: Não. Minhas pernas estão tremendo porque estou com frio. Sr.King, você está com medo?

MLK: Eu já estava morto antes disso aqui e vou continuar morto depois disso aqui. Eu vou ficar bem.

R: …

H: Vou ter saudades. Se eu ainda for capaz de sentir qualquer coisa depois.

R: …

MLK: A qualquer momento agora.

http://www.youtube.com/watch?v=41n3mwCcZQ4

R: In this friendly, friendly world
with each day so full of joy
Why should any heart be lonely?

H: In this friendly, friendly world
with each night so full of dreams
Why should any heart be afraid?

R: The world is such a wonderful place to wander through, when you’ve got someone you love to wander along with you…

MLK: With the skies so full of stars and the river so full of song, every heart should be so thankful.

R: Thankful for this friendly, friendly world.

MLK: A música acabou e ainda estamos aqui. O que vamos fazer agora?

R: Por que não apenas ficamos aqui… esperando. E aí, vemos o que acontece.

Aquele da questão hipotética

R: Tenho uma questão hipotética.
MLK: Hm.

R: Eu estou dirigindo meu carro e… o que foi?

MLK: Se é uma questão hipotética…

R: É uma questão hipotética.

MLK: Se é uma questão hipotética você não pode usar palavras como “eu” e “meu”. Quero dizer, se é mesmo uma…

R: É.

MLK: Então comece de novo.

R: Certo. “Alguém” está dirigindo o carro “dele” quando uma velha imbecil sai do carro estacionado dela, escancarando a porta para o lado da rua. E aí, “ele” bate com força arrancando a porta da velha imbecil. Agora a questão.

MLK: Hm.

R: É errado ele não ter parado?

MLK: Tipo ter arrancado a porta do carro da velha e fugido?

R: Isso.

MLK: Você fez isso? A velha se machucou?

R: É hipotético. A velha não existe, como ela poderia ter se machucado? E não, só a porta se machucou.

MLK: Foi arrancada.

R: Vôou longe.

MLK: Você arrancou a porta do carro de uma velha e fugiu.

R: É hipotético!

MLK: Qual parte?

R: Bom… algumas.

MLK: Dê um exemplo.

R: Não foi uma porta.

MLK: …

R: Foi mais como um… braço.

http://www.youtube.com/watch?v=n6r4KT8-VX0

Aquele de porque matei a… leiam para saber

H: Andamos monitorando suas twittadas. É assim que chamam isso? Twittadas?

MLK: Meio gay, huh? Mas é.

R: E?

MLK: Vou ler. “Sequestrei a Criatividade e contrariando sua própria natureza ela sucumbiu a um caso (previsível) de Síndrome de Estocolmo.” Quer dizer alguma coisa?

R: …

H: Quer dizer alguma coisa… em sua defesa?

R: Não. Foi algo que eu disse, que eu escrevi, num impulso. Foi expontâneo.

MLK: Peidos são expontâneos.

R: …

MLK: Tem mais. “Mas que tal uma troca? Minha Criatividade por um pouco de Esperança?”

H: Ainda não quer dizer nada?

R: Queria um copo de água. E poderiam virar essa luz da minha cara?

MLK: Você não tem esperança? Como pode mentir assim? Tudo o que vc tem, o que vc é, é esperança!

H: Nós estamos aqui por isso. Vivemos de esperança e vc, num momento mágico de espontaniedade, deixa por entender que não tem esperança? Qualé!

MLK: Qualé!

R: Sabem da Caixa de Pandora? Não? Ela, essa garota Pandora, roubou uma caixa dos Deuses. E aí como o troço era pesado pra caramba, a maluca foi jogando tudo pelo caminho.

H: Tipo o que?

R: Tipo tudo. Alegria, saudades, raiva, coragem. Tudo. E então, Zeus perdeu a paciência e a fulminou com um raio. Pandora tombou, ainda segurando a caixa. E ali ficou. Deve estar lá até hoje. Nem o próprio Zeus conseguiu retirar a caixa das mãos dela.

MLK: Por que?

R: Porque Pandora não era só linda, era esperta também e…

H: Pera aí, quando disse que era ela linda?

R: Eu não disse, mas ela era, pode ser?

H: Só acho que algo assim devia ser dito antes. Agora imaginar ela sendo fulminado por um raio f…

MLK: Herbert, quer calar a boca? Continua.

R: Tá. Ela era esperta e deixou uma coisa dentro da caixa. Algo que era mais importante que todo o resto junto. Adivinham o que é?

H: Nintendo DS?

R/MLK: …

H: Tá, vou ficar quieto.

MLK: Esperança?

R: Esperança! E enquanto ela tivesse isso, nada nem ninguém poderia destruir ela e nem seus sonhos. O que, convenhamos, é a mesma coisa.

MLK: Uma pessoa e seus sonhos.

R: Isso.

H: E sabendo disso você…

R: Eu matei primeiro minha Esperança.

MLK: Deus, por que fez isso?

R: Porque eu era jovem e burro. Porque imaginei que sem nada eu poderia lutar mais livremente. Se não tenho Esperança, o que tenho a perder?

H: Faz sentido.

MLK: O ****** que faz sentido! Faz?

R: Não, não faz. Porque sem Esperança, vc não tem por que lutar.

H/MLK: …

R: …

MLK: Mas então, por que está sorrindo?

R: Porque fontes indicam, minhas fontes indicam, que ela não está morta. E se ela não está morta, tudo pode ser como era pra ser.

H: Acredita nisso?

R: Tenho Esperança.

Aquela da Garota de 7 Corações (os órgãos, não a cidade!)

R: Era uma vez um simpático casal. Um sujeito decente, bem humorado, trabalhador. Uma garota inteligente, iluminada, maravilhosa. Eles se casaram e tiveram uma linda filhinha.

H: Fim?

R: O começo.

MLK: Olá, meu nome é Martin Luther King. Sim, o cara com o bigode sexy. E sim, vocês já leram isso antes. Mas quando escutam uma música que gostam, só escutam uma vez? Obrigado pela atenção. Podem continuar.

R: Um dia os pais levaram a menina para um exame de rotina e o médico disse que ela tinha um raríssimo problema: a garota tinha sete corações.

H: Credo!

R: Os pais ficaram super preocupados. Mas o médico assegurou que ela não corria risco algum.

M: Com sete corações ela pode ser até *mais saudável* do que todos nós, mas… infelizmente, com todos esses corações: ela sempre vai amar mais do que será amada.

R: Os anos passaram. O diagnóstico do médico havia acertado em cheio. Ela tinha agora 31 anos. Era atraente, alegre e saudável, mas nunca conseguia manter um relacionamento por muito tempo.

MLK: Ninguém podia corresponder a altura da sua capacidade de amar.

R: Exatamente. E ela acabou fazendo a única coisa que podia: casou com o primeiro cara pseudo decente que pediu sua mão.

H: Eca.

R: Um cara mais ou menos atraente, mais ou menos inteligente, mais ou menos romântico, mais ou menos mais ou menos.

MLK: Temos montes disso em estoque.

R: Ela começou a viver uma rotina desgraçadamente previsível. Morte em vida. Parecia que seria assim que essa história iria acabar, mas aí… aí aconteceu um milagre.

http://www.youtube.com/watch?v=8bPndxNNKfA

MLK: Já estava na hora!

R: Ela foi no médico, aquele mesmo do começo da história, para mais um exame de rotina.

E então, na sala de espera, deu de cara com um homem sentado lendo uma revista.

O olhar dos dois se cruzaram e fogos de artifício explodiram. Amor Verdadeiro.

Ela não sabia ainda, mas aquele cara foi se consultar porque ele tinha um *raríssimo problema*.

E se você estivesse lá dentro daquela sala poderia escutar…

Quatorze corações batendo.

No mesmo compasso.

Aquela da Tartaruga e do Sr.Escorpião

R: Era uma vez uma Tartaruga…

H: Por que estão olhando pra mim? Continue!

R: Ela queria cruzar o riacho. Já ia entrar na água quando encontrou com o Sr.Escorpião. Ele disse:

SE: Hey, podia me ajudar a cruzar o riacho?

R: E a Tartaruga disse:

T: Espera aí. Esse é aquele lance de eu te dar a carona e aí no meio do riacho, você me pica e antes de morrermos, diz alguma coisa retardada como “Não pude evitar. É a minha natureza”? É isso?

SE: Bom, er, hum…

T: Escutaqui seu inseto…

MLK: Escorpiões não são insetos.

R: Eles são o que então?

MLK: Não sei o que diabos eles são, mas não são insetos.

H: ******! Termine a história. O que aconteceu depois?

R: Bom, o Sr.Escorpião ficou sem graça e disse que iria esperar a próxima Tartaruga que passaria daqui a 25 minutos. Mas a Tartaruga, ainda ***** da vida, deu um berrão, pulou em cima dele e continuou pulando até ter certeza de que havia matado o miserável do ins..

MLK: Hm?

R: Aquela coisa. E aí cuspiu no cadáver do Sr.Escorpião e disse:

T: Que tal essa carona pro inferno, cabron? Hijo de una puta madre!

H/MLK: …

R: Que?

H: Mas que ***** de história é essa? Qual a moral?

R: Na versão anterior, havia moral e o final era triste. Agora, na nova versão, não existe moral mas o final é feliz. Essa é a moral, baby!

SE: Isso é altamente discutível.

T: Cala te, vato!

SE: Ay!

http://www.youtube.com/watch?v=LweA7NLPB0c

Aquele do dia que vc disse "Eu também"

MLK: Olá, meu nome é Martin Luther King. Sim, o cara do discurso. Eleição deveria ser o tema de hoje, mas existem coisas mais importantes.

H: Pizza?

R: Amor Verdadeiro?

MLK: Amor Verdadeiro isso. Quantas pessoas, quantos casais nós conhecemos que são realmente felizes? Que é Herbert?

H: Hm, contando com casais de filmes?

MLK: Atores, sim. Personagens que atores representam, não.

H: Certo. Nenhum.

MLK: Temos uma unanimidade?

R: Eu conheço um que… ah, eles eram gays. Valem gays?

MLK: Vale.

R: Certo. Nenhum.

MLK: E o casal gay?

R: Me confundi. Eram de um filme também.

MLK: Almas gêmeas, acreditam? É, eu também. Um cálculo foi feito. Atualmente existem para cada ser humano na Terra uma média de 12 almas gêmeas.

H: Uau. Isso é bastante!

MLK: Não, não é. Isso é muito pouco.

R: Achei que pelo conceito original alma gêmea era apenas uma para cada pessoa. Doze é bastante!

MLK: Certo. Temos hoje mais ou menos 7 bilhões de pessoas na Terra. Estou pensando em doze números de zero a sete bilhões. Tente adivinhar.

H: Um milhão quatrocentos e noventa e… três?

MLK: Errou. Tente de novo.

H: Duzentos e…

R: Ok, deu pra sacar. Certo. Então a matemática está contra nós. O que podemos fazer?

MLK: Absolutamente nada. Isso é destino puro. Ou vai vagar sozinho pelo resto de seus dias, ou vai se contentar em casar com a primeira pessoa não inteiramente desgraçada que pensar o mesmo de você. E é esse o destino de todos nós.

R: …

H: *****.

MLK: A moral da história é: o que estão fazendo aqui parados, seus débeis mentais? Uma de suas doze almas gêmeas estão por aí, lá fora. Não aqui dentro. Lá fora. E o taxímetro está correndo!

R: Quer que a gente saia…

H: … agora?

MLK: Não, eu queria que vocês já tivessem saído, mas como não tenho a ****** de uma máquina do tempo, sim, agora seria uma ótima hora. Vão, vão, vão! Isso, e não voltem aqui sem pelo menos terem encontrado uma delas, seus ****** de *****!

http://www.youtube.com/watch?v=aD0KPipoOuA

Para a Sra.Marino (parte 2, conclusão)

1991 São Paulo

C: Convite de casamento. Por que jogou fora? Vai estar ocupado no sábado?

R: Vou. Pretendo me matar hoje e aí, provavelmente, continuarei morto no sábado.

C: Como sua irmã e sua médica…

R: Você ainda é residente.

C: Mesmo assim. Se matar é uma das piores coisas que pode fazer. Principalmente numa terça-feira.

R: ******.

C: Isso também não iria ajudar. Além de ser fisicamente impossível.

R: Tem o endereço no envelope? Ótimo. Vou devolver o cartão com minha resposta. Pode escrever? Minhas mãos estão tremendo. Hm, ok. Apenas três palavras. Escreva bem no centro e com letras grandes.

“Como você pode?”

Para a Sra.Marino

1982 Belo Horizonte

L: Sabe por que está aqui, (NOME CENSURADO)?

R: Meu pai conheceu minha mãe e quando ele colocou s…

L: Digo, aqui. Na sala de aula. Agora. Depois que todos já foram dispensados.

R: A senhora vai me beijar?

L: Não.

R: Eu vou beijar a senhora?

L: Não.

R: Desisto. Não sei porque estou aqui.

L: Está de castigo. E pare de sorrir. Sabe por que está de castigo?

R: Não, mas por favor me diga.

L: Olhe aqui, suas últimas provas. Respondeu “Eu te amo” para cada uma das perguntas. Até na de matemática!

R: O que eu respondi?

L: “Eu te amo”.

R: Eu também te amo.

L: Escute, quantos anos acha que eu tenho?

R: Não sei. Sinceramente. Uns quarenta?

L: *****! Desculpe. Tenho 27 anos, (NOME CENSURADO). E você tem sete.

R: Sete e meio.

L: E não vê nada de errado com isso?

R: Não, senhora.

L: …

R: Sabe, a senhora acha que isso é besteira. Paixão de criança. Mas não é. Eu vou me lembrar disso, e a senhora também vai.

L: Eu vou? E por que acha isso?

R: Porque se isso for pra valer, e é pra valer, a senhora não vai conseguir esquecer, assim como eu tenho certeza que nunca vou. Nunca. E não ria, por favor!

L: Desculpe. Acho que não vou me esquecer mesmo.

R: Senhorita Marino?

L: O que é (NOME CENSURADO)?

R: Isso está sendo o melhor primeiro encontro que já tive. Queria que soubesse disso.

http://www.youtube.com/watch?v=D2raFsUWj6o

MLK: Olá, meu nome é Martin Luther King. Sim, o cara do discurso. O trecho à seguir só aconteceu na mente doent… sonhadora do meu amigo. Obrigado pela atenção.

R: You’d think that people would have had enough of silly love songs.

L: But I look around me and I see it isn’t so. Some people wanna fill the world with silly love songs.

R: And what’s wrong with that? I’d like to know, ’cause here I go again… I love you, I love you, I love you, I love you!

L: I can’t explain the feeling’s plain to me, say can’t you see?

R: Ah, she gave me more, she gave it all to me. Now can’t you see, what’s wrong with that, I need to know, ’cause here I go again…

R/L: I love you, I love you!

L: Love doesn’t come in a minute, sometimes it doesn’t come at all I only know that when I’m in it.

R: It isn’t silly, no, it isn’t silly, Love isn’t silly at all!

L: How can I tell you about my loved one? How can I tell you about my loved one?

R: I love you.

L: How can I tell you about my loved one?

R: I love you.

Para Adriana Romanízio

1989

Junho

N: Estão falando de você aqui também, O GAROTO DA BOLHA. Quer que eu encoste a folha para poder ler?

R: Já me deram uma versão com contact. Minha mãe quer fazer um quadro com isso. Doida ******.

N: Logo vão te dar alta. E aí vai poder sair daí. O que vai fazer primeiro?

R: Correr. A pior coisa de estar preso aqui dentro é saber da limitação. Posso ver televisão e ler revistinha o dia todo. Mas se eu quiser andar mais de dois metros… Não sabe o que é isso.

N: É, eu sei.

R: Lembra da nossa promessa? Quando fizer a operação, vai sair daqui e iremos comer “o maior sorvete do mundo”. Duas vezes!

N: Imagino se é mesmo. Será que o Guinness sabe disso?

R: Claro que é. Eles não podem escrever isso e fazer comerciais anunciando que vendem o maior sorvete do mundo se não for a **** do maior sorvete do mundo. O que foi?

N: Estou com medo.

R: Do que? Olha, mesmo que não for o maior de verdade é só pegar dois ou três, juntar e…

N: Não estou falando de sorvetes!

R: Ah, a operação.

N: Duh.

R: Lembra da nossa outra promessa? No dia que me conheceu e *eu* estava morrendo de medo? E morrendo literalmente, aliás?

N: Não.

R: Lembra sim. Fizemos um juramento de sangue. Nenhum de nós dois pode morrer antes do outro. Adivinha? Continua valendo.

N: Aquilo foi mórbido!

R: Foi a coisa mais legal que já fiz. Você não vai morrer. Você não pode morrer. Fez uma promessa. Só pode morrer quando eu morrer, e olha, não estou com muita pressa.

Agosto

N: Ei, por que não me acordou? Foi você que trouxe isso?

R: Roubei do quarto do lado. Margaridas. Sei que prefere rosas, mas…

N: São lindas, obrigada.

R: O que você está fazendo?

N: O que?

R: E a sua promessa? O que está fazendo?

N: Escuta, me escuta. Eu não tenho mais medo.

R: Cala a boca. Cala a boca, cala a boca. Eu te odeio. Por que não se levanta? E a sua promessa?

N: Toma. Quero que fique com isso.

R: Não quero essa porcaria de pedra! Quero que se levante. Levanta! Eu te odeio. Levanta.

2008

R: Adriana Romanízio. Esse era o nome dela. Eu tinha 14, ela 19. Nunca mentiu pra mim. Só uma vez.

http://www.youtube.com/watch?v=EuUeUfbgx4w

Aquele do Tarzan e sua mãe morta

1999

H: E então, como foi o filme?

R: Péssimo. Odeio chorar no cinema. O que? Por que está rindo? Aposto que ia chorar também.

H: Eu? Não mesmo. Tá vendo isso aqui? Em minhas veias corre água gelada em vez de sangue. Chorar por causa de um filme…

R: Certo. Imagine então a cena. Lord Greystoke, também conhecido como Tarzan, está na cidade grande quando seus novos amigos levam ele para um museu de história natural. Adivinha o que ele acha na seção C?

H: O que?

R: A mãe dele empalhada. A gentil e doce gorila que cuidou dele, morta e empalhada. Com bolas de vidro no lugar dos olhos.

H: Meu Deus!

R: Pois é. O cara enlouquece, bate nos guardas, expulsa todo mundo do museu. E no dia seguinte, eles encontram o Tarzan…

H: Sim?

R: Abraçado, dormindo no colo da sua mãe.

H: …

MLK: Por que ele está chorando?

R: Contei para ele uma cena do “Tarzan” da Disney. Quando ele encontra sua mãe morta no museu.

MLK: Não tem essa cena.

R: Eu sei, acabei de inventar.

MLK: Quando vai contar a verdade para ele?

R: Acho que em uns dez anos.

2008

MLK: Olha só, vai passar “Tarzan” hoje na tv.

H: Ah… com licença.

MLK: Sério, quando é que vai contar para ele? Olha só, nunca vi um homem chorar tanto. Credo.

R: Daqui a um ano. Chorar é bom. Limpa os poros.

MLK: Que poros?

R: Dos olhos? Ei, Herbert?

H: Que?

R: You’ll be in my heart…

H: AH, MEU DEUS!

http://www.youtube.com/watch?v=ZQJh-oU0M9Y

Roteiro do curta “Evangelho Segundo Judas e Jeremias”

FADE IN.

EXT. DESCAMPADO - NOITE.

DOIS HOMENS, JESUS E JUDAS, ESTÃO CONVERSANDO.

JUDAS - Deixa ver se eu entendi direto. Quer que eu chame uma legião de romanos pra te prenderem? Agora? Nesse exato momento?

JESUS - Isso.

JUDAS - Exatamente quantos cálices de vinho tomou hoje?

JESUS - Sei que parece loucura, mas presta atenção. Você me trai (FAZ GESTO DE ASPAS COM OS DEDOS), eles me prendem, me torturam, me matam e eu viro um mártir! Ahn? Genial!

JUDAS - E eu? O que faço depois disso? O pessoal meio que não vai ficar chateado? O Paulo já nem gosta muito de mim…

JESUS COLOCA UM BRAÇO AO REDOR DE SEU AMIGO.

JESUS - Ah, sim. Depois que me trair (NOVAMENTE FAZ “ASPAS”. JUDAS REVIRA OS OLHOS), você vai até aquela colina. Tá vendo a árvore?

JUDAS - Aquela com a corda pendurada no galho mais alto?

JESUS - Exatamente.

JUDAS - Quer que eu me enforque? (SE AFASTA) Jesus!

JESUS - Não é o que eu quero. É o que você fará naturalmente, por causa da monstruosa culpa que estará sentindo. Imagine só! Apunhalar dessa maneira o seu melhor amigo… Coisa feia.

JUDAS - Que porcaria de plano é esse?

JESUS - Quer dizer que não gostou?

JUDAS - (SARCÁSTICO) Hum, depende, está se referindo a parte em que eu me enforco ou aquela onde meu nome será amaldiçoado? É, não gostei! (T) E você… Nem sei como você pode estar tão calmo. Não te incomoda ser preso, surrado e depois crucificado? Eles usam cada pregão desse tamanho, vou te contar. (MOSTRA COM AS MÃOS O TAMANHO ABSURDO DE UM DOS PREGOS).

JESUS - Isso também foi resolvido. Não serei eu que serei crucificado, vê? Momentinho. (T) Jeremias, vem cá!

DE TRÁS DE UMA ÁRVORE SURGE UM RAPAZ NEGRO, JEREMIAS. ALTURA, ROUPAS E PORTE FÍSICO SEMELHANTE AO DE JESUS.

JEREMIAS - Já tá na hora? Cadê os homens?

JESUS - O Judas já vai chamar eles. (P/JUDAS) Então?

JUDAS - Hum, olha só, não sei como dizer isso mas… lá vai. Ele é um negão. Você pirou. E eu tô fora. Boa noite e boa sorte.

JESUS - Quase ninguém sabe como eu sou! (CHATEADO) Judas, vai achar defeito em cada detalhe do plano? Sabe que foi meu próprio Pai que bolou ele? O inefável? O grandão em pessoa?

JUDAS - Como se ele nunca tivesse pisado na bola antes! Olá, apêndice? (APONTA PARA SUA BARRIGA) Pernilongos? (APONTA PARA O CÉU) Impostos? (FAZ GESTO DE GRANA COM AS MÃOS) Rugas? (APONTA PARA O NARIZ DE JESUS).

JEREMIAS - Deus escreve certo por linhas tortas.

JUDAS - Por onde tem andando? É mais fácil tropeçar numa arca de ouro do que num cidadão alfabetizado! E… Podia nos dar licença? (JEREMIAS VOLTA PRA TRÁS DA ÁRVORE) Aquele coitado sabe a fria em que está se metendo? Seremos dois ferrados por toda a eternidade! Imagine os nomes que vão chamar a minha pobre mãezinha? Rameira pra baixo.

JESUS - Bom, ela é uma rameira.

JUDAS - Ei, boa tática essa a sua. Xingar a mãe do cara que quer convencer a se enforcar. (T) Tem certeza que quer falar sobre esse assunto, ó primeiro-caso-de-nepotismo-da-história?

JESUS - Nepotismo! Quando?

JUDAS - Estou até vendo a cena. Deus, seu pai, depois de mais um dia cansativo de trabalho, resolve criar o salvador de toda a humanidade, coisinha à toa. Aí ele pensa, “Hum, quem eu poderia chamar?”. Uma centena de anjos faz fila, interessados em preencher o cargo, mas Ele os ignora, para depois concluir “Já sei, vou chamar meu filho! Pronto, resolvido. Próximo assunto”.

JESUS - Não foi exatamente assim.

JUDAS - Esqueça! Ache outro apóstolo pra ser condenado para todo o sempre. Chame o Daniel, ele vive querendo se mostrar mesmo.

JESUS - Ah, tinha me esquecido! Não será algo pra toda a eternidade. Em dois mil anos o mal entendido será desfeito e seu nome ficará limpo. E o sacrifício do Jeremias logo depois também será esclarecido.

JEREMIAS (EM OFF) - Logo depois quando?

JESUS - Daqui a três mil anos!

JEREMIAS (EM OFF) - Legal!

JESUS - Então, amigão? De traidor será conhecido como o primeiro agente duplo da história. Tipo, James Bond.

JUDAS - Quem?

JESUS - Esquece. O que me diz? Por favor? Por favorzinho com açúcar por cima?

JUDAS - E que tal se eu apenas fugisse do país em vez de me enforcar? Não? (COÇA A CABEÇA) Ah, que diabos, vamos lá!

JESUS - Então, topa?

JUDAS - É, é. Vamos logo, antes que eu mude de idéia. (T) Jeremias, vem cá! Vamos selar o acordo com um aperto de mão.

OS TRÊS APERTAM AS MÃOS, SORRINDO.

JEREMIAS - (P/JESUS) Ah, e não vai se esquecer de fazer o lance (MEXE O NARIZ COMO A SAMANTHA DO SERIADO “A FEITICIERA”) pra eu não sentir nenhuma dor na hora em que eles estiverem, você sabe… (FAZ CARETAS HORRÍVEIS).

JUDAS - Que lance de…

JESUS - Rá, rá! (VIRA-SE PARA JUDAS E PISCA UM OLHO PRA ELE) O lance! O poder que eu tenho de fazer a dor sumir à distância apenas usando a minha mente. Não se lembra?

JUDAS - (FINGINDO MAL PRA CARAMBA) Ah, aquilo! Claro, claro, o lance (MEXE O NARIZ). Fique tranquilo, cara.

JEREMIAS VOLTA PARA SEU POSTO, FELIZ DA VIDA. OS DOIS AMIGOS SE AFASTAM.

JUDAS - Então… depois que tudo for esclarecido, o mundo inteiro vai me adorar, não é?

JESUS - Claro que vai. (PISCA O OLHO NOVAMENTE).

JUDAS - Acabou de piscar o olho?

JESUS - Não, não. Foi só um cisco. Vamos repassar o plano mais uma vez. (CANTAROLANDO) Quem é meu apóstolo favorito?

JUDAS - (SORRINDO) Eu?

JESUS - Pode apostar!

FADE OUT.