terça-feira, 10 de novembro de 2009

De mudança...

http://ricardoono.wordpress.com/

Aquele onde sou banido da LIVE!

Estou vivenciando os 5 estágios da morte do meu XBOX 360!!!

Primeiro Estágio: negação e isolamento

Todos estão sendo banidos mas eu não serei!!!! Eu sobreviverei sozinho como o único XBOX destravado que misteriosamente não foi banido!!!!

Segundo Estágio: raiva

Micro$oft desgraçada!!! Mundo desgraçado!!!! Eu odeio TODOS VOCÊS!!!!!


Terceiro Estágio: barganha

E se eu não jogar agora? Eles devem inventar um chip ou alguma coisa! Temos hackers trabalhando por nós!!!! Sim, eu não serei banido e mesmo se for, eu voltarei!!!! Hahhahahahha!!!!


Quarto Estágio: depressão

Vou ser banido. Todos nós seremos. É o fim. O fim de tudo que eu amo. Nada mais importa.


Quinto Estágio: aceitação

******* XBOX, vou comprar um PS3!!!!


Um homem não devia sobreviver mais do que seu XBOX. Mas... ♫ http://blip.fm/~g4syk


O que eu aprendi com isso? Sim, porque eu sou zen budista e acredito que tudo tem que ter um significado. Então, sim, eu aprendi algumas coisas com meu banimento da LIVE.

Primeiro, eu não posso reclamar, jogava piratas burlando o sistema (claramente algo ilegal) e era questão de tempo para ser pego.

Segundo, Edward é um vampiro.

Terceiro, eu amo o Edw...

Ok, não vamos pirar agora.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

TATUAGEM (origem)

H: Por que fez essa tatuagem? Foi do nada. Nunca demonstrou interesse e de repente... "Olá, gato preto gigante no peito!" Pouco sutil.

R: ...

MLK: O motivo é algo sinistro?

R: Um pouco.

MLK: Uh, conte, conte!

R: Uma vez, a muito tempo atrás, alguém me disse que odiava gente tatuada.

H: Muito tempo atrás?

R: Ano passado. O tempo é relativo. Pra mim mais ainda. 2008 foi a milênios atrás e 1987 foi ontem.

MLK: Alguém disse que odiava gente tatuada e então vc fez uma? Oh, por favor diga que esse "alguém" é uma garota ou essa conversa termina agora mesmo!

R: Era uma garota.

H/MLK: Ufa!

R: Ela disse que jamais iria gostar de um cara com tatuagem, então eu decidi queimar essa ponte... fazendo uma. Como vc disse, num lugar pouco sutil.

H: E por que um gato? E preto ainda por cima?

R: O que dizem sobre gatos pretos, Herbert?

H: Eles dão azar pra quem cruza seu caminho.

R: E eu nunca devo me esquecer disso. E eu nunca devo deixar de lembrar as pessoas ao meu redor disso.

H/MLK: ...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

OUTRO LUGAR, OUTRA ÉPOCA

MLK: Algumas pessoas, não eu, estão preocupadas.

R: Com?

MLK: Vc.

R: Comigo?

MLK: Hm. Elas deveriam?

R: Não que eu saiba. As coisas andam na verdade, como é mesmo aquela expressão? "Tão bem que parece que a qualquer momento o Inferno vai abrir suas portas e engolir tudo transformando o que era algo bom e belo num mar de fogo e destruição".

MLK: ...

R: Ou algo assim.

MLK: E então, por que sumiu desta vez?

R: Porque é isso que eu faço. Eu sumo. Veja, Sr.King, depois de uns 5 anos convivendo comigo as pessoas, mesmas as mais burras... Oi, Herbert.

H: Olá.

R: Mesmos as mais burras, acabam percebendo e fazendo aquela pergunta.

P: Como é que eu te conheço faz um tempão e vc não envelheceu um só dia?

MLK: Ah, isso.

R: É. Isso.

H: E por que não diz a verdade?

R: Daqui a alguns anos não precisarei dizer nada. Tudo será explicado, mas até lá...

MLK: Até lá?

R: Algumas coisas não terão respostas.

H: "Um homem pode viver dias sem água"

MLK: "Semanas sem comida"

R (SORRINDO): "E uma vida inteira sem uma resposta"



Adeus, foi divertido!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O Quadro (para Elaine)

Eu te amo.
Foram essas as últimas palavras que ele havia escutado antes de ser abordado, espancado, seqüestrado e finalmente amarrado, pulsos e calcanhares, numa cadeira.
Mesmo com a capacidade de seus sentidos consideravelmente reduzida pela dor e confusão, concluiu que estava num quarto bem iluminado e que não estava sozinho. Poderia deduzir mais, mas decidiu que era melhor permanecer imóvel, fazer seus captores acharem que continuava desmaiado, ganhar tempo até pensar num modo de escapar.
Foi quando se lembrou que um pouco antes de apagar, escutou um grito.
O grito dela.
Precisou de todo seu auto-controle para permanecer quieto. Juntos haviam planejado sua “fuga”: as passagens já estavam em cima da televisão, as malas prontas. Deviam ter ido embora, mas ela quis escrever uma carta de despedida. Explicar para seu marido que não estavam levando um centavo dele e que não podia esperar um divórcio porque... bom, porque ela havia se casado com um maluco milionário que preferiria matar, a perdê-la.
− O recorde de ficar sem piscar os olhos é de quatro minutos e trinta e dois segundos. Essa informação poderia salvar a sua vida. Mas não vai.
A voz era fraca e o que ela havia dito era tão absurdo que por um momento ele acreditou que sua origem era de um programa de rádio. Mas vozes saídas de aparelhos não produziam mau hálito.
− O senhor é tão burro que está segurando a respiração desde que recobrou os sentidos. Acha que desmaiados não respiram? Desmaiados respiram. Mortos é que não. − a voz estava mais próxima, assim como o fedor de seu dono. − Posso dizer com exatidão o momento em que acordou. Fingir que continua desmaiado vai apenas adiar e não evitar os acontecimentos. Eu poderia... Ah, que se dane. Corte um dedo dele. O mindinho.
Ele abriu os olhos, e sem surpresa alguma, imediatamente se arrependeu. Estava mesmo num escritório, e sim, era bem iluminado. Amarrado não dava para saber o tamanho real do local, mas não parecia ser muito grande. Um típico escritório de um ricaço se já tinha visto algum em sua vida. E na sua frente, o próprio ricaço em pessoa. Sentado numa cadeira de rodas, cobertor de flanela vermelha nos joelhos e um sorriso cruel nos lábios secos.
Já tinha visto o velhote de relance umas duas vezes quando a porta da limusine abria o suficiente para buscar sua esposa. E atrás dele algo que poderia ser um armário em formato vagamente semelhante a um ser humano ou um ser humano com o tamanho e a aparência de um armário.
− É claro que a culpa foi minha. − o velho continuou seu pequeno monólogo. Aparentemente, havia esquecido a ameaça de amputação. − O que uma mulher jovem e linda como ela iria querer comigo? Mas o que é certo é certo, e algo precisa ser feito. Pode imaginar para um homem em minha posição o que... − nesse momento, um violento acesso de tosse quase o faz pular para fora de sua cadeira. − Desculpe. Disse... disse alguma coisa?
− Não a machuque. Por favor.
As palavras saíram com dificuldade. Em parte pelo medo, mas principalmente pelo estado físico em que ele se encontrava. Agora que não precisava mais ficar parado, podia sentir melhor os diversos tipos de dor que seu corpo sofria. Alguns dentes haviam desaparecido de sua boca. Costelas quebradas? Pode apostar. E o lado direito de seu rosto estava sem sensibilidade alguma. Provavelmente, isso era uma boa notícia. Talvez a única.
O velho pareceu ficar legitimamente admirado com o pedido. Fez sinal com seu indicador e o armário humano empurrou a cadeira para frente.
− Dou a minha palavra que ela está fora disso. O meu negócio agora é somente com o senhor e mais ninguém.
− Obrigado.
Mais um sinal e a cadeira voltou a posição inicial.
− Tive uma vida boa. Uma vida completa e boa. Mas não soube envelhecer. Não vi a graça de envelhecer e quis manter... coisas que não precisava e que não poderia mais aproveitar. − fez uma pausa e girou sozinho a cadeira, ficando quase totalmente de costas para sua platéia. − Olhe pra este lugar. Todos estes objetos... Olhe.
Armaduras, vasos grandes e feios, armas medievais e animais empalhados. Um pequeno museu que representava toda uma vida. Pela primeira vez, o jovem enxergava aquele velhote como um ser humano. Algo mais do que a caricatura de um homem rico casado com uma mulher ridiculamente mais jovem.
− Sabe o que são? Medalhas. Cada objeto tem uma história interessante por trás, mas o campeão... é este aqui. − nesse momento, ele apontou, esticando o braço, para uma grande cortina vermelha, obviamente num lugar de destaque. − É um quadro. Um quadro muito especial.
A reação dele e do seu guarda-costas era peculiar. Os dois estavam solenes, como se estivessem na presença de alguém, alguém importante, e não de um simples objeto. Quase como se estivessem com...
... medo?
− Trouxe comigo da África. Mais ou menos quando tinha a sua idade. Mas não estou sendo exato. Eu chamo de quadro, mas na verdade é um escudo. Um escudo feito com a pele de um homem muito, muito mau. − ele dá uma risadinha e tem um novo acesso de tosse. − Tão mau que seu espírito permaneceu preso nele.
− No quadro?
− Exatamente! Preso no quadro.
− Loucura.
Num movimento que surpreenderia qualquer um pela sua velocidade, o velho retira uma bengala com ponta de aço debaixo do seu cobertor e acerta na lateral da cabeça do seu prisioneiro, derrubando ele juntamente com a cadeira.
− Olhe o nível. Não estrague tudo agora sendo rude. É uma situação desagradável o suficiente. − olha para seu empregado. − Estou cansado. Mostre para ele, mostre agora.
O armário humano vai em direção ao jovem que se encolhe instintivamente. Como se ele e a cadeira não fossem mais pesados do que um lápis, são colocados em pé. E então, com mais facilidade ainda, o jovem é virado para trás, para o lado do escritório que ainda não conhecia.
E chora.
Na sua frente, amarrada numa cadeira idêntica a sua, está ela. Flashes de imagens dela sorrindo em diversos momentos do último e maravilhoso ano intercalados com aquela imagem grotesca. Seus olhos e sua boca abertos, na mais perfeita expressão de terror. E em seu tórax... um buraco. Grande o suficiente para poder ser transplantado nele uma televisão. Misericordiosamente nem uma única gota do sangue que da cintura para baixo estava cobrindo virtualmente cada centímetro de sua pele e suas roupas, não haviam maculado seu rosto. Mas havia algo de errado com seus cabelos. E então ele percebeu: não tinham mais aquele adorável tom dourado. Cada fio, o cabelo todo dela estava branco.
− Agora, preciso que preste atenção. É simples: o maldito quadro está vivo. Assim que olhar para ele, ele vai olhar de volta para você. E quando isso acontecer, será seu fim. Porque... está prestando atenção? − se vira e pergunta para seu ajudante. − Ele está prestando atenção?
O sujeito ergue novamente a cadeira, novamente voltando o jovem para seu captor e para a cortina vermelha.
− Compreendeu sua situação? Olhe para o quadro e ele o matará! Escutou bem? Não? Ah, outro inútil. São todos inúteis. Vamos embora. Isso é nojento.
O jovem continua chorando e mal percebe quando os dois se retiram deixando ele sozinho. Muito menos o momento quando o velho agarra o cordão amarelo preso na cortina e sai arrastando o pedaço de pano para fora do escritório, deixando agora o quadro totalmente exposto.


Mal a porta se fecha, o jovem pára de chorar e sua expressão se transforma.
Matar aquele miserável ou morrer tentando.
Esse era o único pensamento, o único objetivo e haveria apenas uma única oportunidade. Repassou o plano em sua mente buscando falhas, se havia era tarde demais, porque nesse momento ele se joga no chão e começa a golpear com todas as partes ainda móveis de seu corpo. As cordas não iriam ceder, eram grossas demais. Mas a cadeira era outra história: havia escutado como ela rangeu antes, quando foi lançada ao chão junto com ele da primeira vez.
Seus movimentos eram fortes, mas também eram desordenados e poucos estavam gerando qualquer efeito. Sem se importar com as conseqüências, urra audivelmente, torcendo os pulsos e os calcanhares. Quando as cordas começam a cortar sua carne, ele apenas ri.
Continua assim até que suas forças acabam e então percebe... seu sangue havia umidificado as cordas e elas estavam finalmente cedendo um pouco. Podia ser ilusão ou um objetivo impossível, mas seus movimentos finais iriam fazer aquelas malditas cordas cederem ou ele estava preparado a cerrar seus pulsos até os ossos aparecerem.
Não precisou tanto e mal pode acreditar quando finalmente soltou uma de suas mãos. Logo estava totalmente livre da cadeira e pronto para escapar dali.
Foi quando percebeu que o quadro estava olhando para ele.
O quadro, o escudo, devia ter quase dois metros de comprimento. Se era ou não feito de pele humana, a textura definitivamente tentava passar essa impressão. A moldura era uma bagunça de grandes penas negras amarradas com cipó. A pintura em si era escura. Basicamente usava apenas duas cores: verde escuro e preto. A imagem era definitivamente de uma floresta com árvores gigantescas que cobriam o céu com seus galhos e o chão com suas raízes. E bem ao fundo a silhueta inconfundível de um ser humano. Pela posição e contorno, parecia que estava de costas com a cabeça virada para trás e era bem pequeno pelas proporções, talvez uma criança.
− Louco. Velho louco. − o jovem diz, deixando o quadro para trás e se concentrando em escolher algo que pudesse ajudar em sua fuga. Termina escolhendo uma espada que estava presa junto com um machado e dá um grito de alegria ao ver que a lâmina estava afiada.
Checa rapidamente as janelas e as portas e quando confirma que elas estão todas trancadas e feitas com madeira grossa e placas de metal, quase entra em pânico novamente, mas a súbita visão do cadáver de sua amante o acalma. Tira sua camisa e o cobre da melhor maneira possível. Teria que...
A imagem do quadro havia mudado.
O menino (sim, agora ele podia ver claramente) estava de frente e mais perto.
“Não era possível”, ele pensa, e então esfrega seus olhos com as costas de sua mão.
O menino estava agora visível somente do peito para cima. Bem mais perto dele. E sorrindo.
Sabendo o que o gesto podia custar, mas precisando confirmar que não estava enlouquecendo, que já havia enlouquecido, ele se obriga a fechar e abrir os olhos novamente.
O rosto do menino, da coisa que se parecia um menino, estava agora cobrindo toda a extensão do quadro. Sua boca estava aberta num ângulo impossível (para um humano), mostrando uma fileira de dentes amarelos e afiados como navalhas.
O jovem desiste de tentar entender a situação e instintivamente corre para longe do quadro. Com sua espada começa a golpear a porta, arrancando pequenas e inúteis lascas. Um último golpe faz a espada escapar de suas mãos e voar para trás. Sem pensar, ele se vira e a acha.
Erguendo os olhos para o quadro.
A tela estava vazia. O menino e a floresta não estavam mais em lugar algum da pintura. Apenas o couro esticado do homem mau.
Ele senta no chão e começa a rir.
E então começa a gritar.

A porta do escritório se abre e o ajudante do velho entra cautelosamente. Ele olha primeiro para o cadáver ainda coberto pela camisa e depois quase tropeça no corpo do jovem deitado de bruços no chão.
− Cubra o quadro! − a voz do velho do lado de fora ordena. − Faça isso rápido e não olhe para ele.
O ajudante, usando a mesma cortina vermelha, que trouxe com ele, tomando cuidado para não olhar, cobre o quadro, sai e volta com o velho.
− Onde ele está?
− No chão senhor. Não entendo, ele est... − não termina a frase. Do seu peito surge a lâmina de uma espada e ele cai morto imediatamente.
O velhote desmaia ao ver essa cena e quando acorda dá um grito horrendo ao perceber o que está olhando. O quadro. Novamente com a floresta e a sinistra silhueta de costas olhando para trás. Ele instintivamente fecha seus olhos e começa a rezar.
− Deus, tenha piedade de mim. Deus, tenha...
A voz ao seu lado o faz calar. Ele reconhece a voz do seu ex-prisioneiro.
− É claro que a culpa foi minha. E vou pagar pro resto da minha vida. Mas o que é certo é certo, e algo precisa ser feito...
− Meu jovem, posso entender a sua raiva. − o velho, ainda com os olhos fechados tenta negociar, ao mesmo tempo que confirma que está imobilizado por cordas. − Mas agora pode fazer algo muito estúpido e criminoso ou poderá sair daqui um homem muito rico.
− Ninguém vai sair daqui. Descobri um modo de vencer o quadro, sabe? Um modo prático e doloroso. Mas não pretendo sair daqui. Apenas quero ficar com você, quando ele finalmente estiver livre. Deverá ser uma visão magnífica... Pena que só você poderá aproveitar.
O jovem ergue a espada que estava segurando, e a crava na coxa do velho que grita e abre os olhos, olhando diretamente para o quadro.
Ele sorri. Afinal sua mira foi excelente considerando que seus olhos foram recém arrancados por si próprio e de forma extremamente rudimentar. Não ia mesmo poder apreciar o espetáculo, mas iria se contentar com os gritos.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Convite (RJ) - Dez Contos de Terror




Trailer do meu conto "O Quadro"

"O recorde de ficar sem piscar os olhos é de quatro minutos e trinta e dois segundos. Essa informação poderia salvar a sua vida. Mas não vai."

" Eu chamo de quadro, mas na verdade é um escudo. Um escudo feito com a pele de um homem muito, muito mau. − ele dá uma risadinha e tem um novo acesso de tosse. − Tão mau que seu espírito permaneceu preso nele."

"Agora, preciso que preste atenção. É simples: o maldito quadro está vivo. Assim que olhar para ele, ele vai olhar de volta para você. E quando isso acontecer, será seu fim."

domingo, 28 de junho de 2009

"O homem no espelho"

H: Por que ficou tão abalado com a morte do Michael Jackson, cara?

R: Ele era mais velho do que eu, Herbert. Mas foi a primeira pessoa que acompanhei todas as fases da vida. Não na ordem cronológica certa, afinal quando vi ele no Jackson's Five cantando "Ben" foi depois, como imagem de arquivo, quando ele começou sua carreira solo e tal. Mas eu VI ele ainda criança, entende? E depois acompanhei cada fase dele, "Billie Jean" todo malucão andando e fazendo as calçadas brilharem com suas pegadas.

MLK: Sabia que "Billie Jean" era sobre paternidade ilícita?

R/H: ...

MLK: She's just a girl who claims that I am the one, but the kid is not my son.

R: E depois "Thriller". Caramba, não tinha internet na época e era uma correria toda vez que a TV passava o clipe. Eu queria ver de novo e de novo.

H: Meu favorito foi o "Smooth Criminal". Sabe aquele troço maluco que ele faz quando o Michael e os dançarinos se inclinam com os corpos retões para frente? Tipo, ângulo de 45 graus? Tentei imitar. Obviamente tombei feito uma árvore e quebrei o nariz.

R: E quando começaram as acusações e ele só aparecia nos jornais para ser ridicularizado... tudo aquilo, só serviu para humanizar ele ainda mais. O que é ser visto por todos como um monstro ou motivo de risos? Como deve ser terrivelmente solitário viver assim.

MLK: A morte deu paz para ele.

R: Não podia ter sido isso em vida? Sei que tem muita gente por aí que vive em paz e não merece.

MLK: Ainda acha que merecimento tem qualquer coisa haver com isso?

R: Não tem, não é?

H: Nos anos 80 o mundo parecia um lugar mais simples e menos... cinza. Tudo que existe hoje existia também naquela época mas, não sei explicar.

R: É como se tudo fosse mais sério agora. Nos anos 80 o mundo era uma criança e agora o mundo é um senhor de idade que precisa se preocupar com coisas reais.

MLK: Ainda estamos falando do Michael?

R: ...

http://www.youtube.com/watch?v=oLXYiF_BdAs

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Vermelho ou Azul

CENA 1.

INT. APARTAMENTO – DIA.

UMA ELEGANTE SALA DE ESTAR. UMA MULHER, 30 E POUCOS ANOS, ESTÁ SENTADA NUMA CADEIRA SEGURANDO UM TELEFONE. ELA ESTÁ TENSA, MAL PARECE RESPIRAR. UM HOMEM, UM POLICIAL DO ESQUADRÃO DE BOMBAS, DEVIDAMENTE PARAMENTADO COM COLETE E CAPACETE, ESTÁ DEITADO DE COSTAS NO CHÃO VERIFICANDO A PARTE DE BAIXO DA CADEIRA.

HOMEM: Alguém realmente te odeia, querida. Mais do que eu. (T) Quando a central informou sobre a ameaça de bomba e me deram seu nome, sabe o que eu disse? (ELE SAI DE BAIXO DA CADEIRA, SE LEVANTA E TIRA O CAPACETE) “Pra quem devo agradecer?”

MULHER: Haha. (T) Então, é mesmo uma bomba?

MARIDO: Alguém retirou parte do estofado, colocou carga suficiente pra destruir este apartamento inteiro e grande parte do seu vizinho de baixo. Não vi nenhum mecanismo de pressão, mas como a carga está acionada... é, é uma bomba sim.

MULHER: E o que vamos fazer?

MARIDO: Você vai ficar sentada quietinha aqui. E eu vou sair e esperar com o pessoal lá fora. O esquadrão de desarmamento deve chegar daqui a pouco.

MULHER: Vai me deixar sozinha aqui?

MARIDO: Meu trabalho está feito. O seu admirador secreto queria que eu viesse e verificasse se é uma bomba. É uma bomba. É isso que eu faço. Agora somente peritos podem...

A MULHER COMEÇA A CHORAR.

MARIDO: Tá tá, eu fico e espero eles chegarem. Mas... apenas não se mexa, certo?

MULHER: Obrigada.

MARIDO: Como foi exatamente que aconteceu isso? Não me deram os detalhes.

CENA 2.

INT. APARTAMENTO – DIA – ALGUMAS HORAS ANTES:

A EXPLICAÇÃO DA MULHER É MOSTRADA EM CENAS PRETO E BRANCO COM NARRAÇÃO DELA MESMA EM OFF.

MULHER (OFF): Cheguei no hotel às dezesseis horas. O telefone tocou, atendi e uma voz que não reconheci disse que sabia do meu segredo e que era pra eu ouvir com atenção. A voz insistia que para me contar o que sabia, eu devia estar sentada.

HOMEM (OFF): Como assim sentada? Tipo “é melhor você se sentar para escutar o que eu tenho pra dizer”?

MULHER (OFF): Isso. Acho que foram exatamente essas as palavras. Então eu me sentei e a voz disse...

VOZ: Se você se levantar a bomba que está na cadeira será acionada e o hotel perderá alguns andares e o mundo perderá uma...

CENA 3.

INT. APARTAMENTO – DIA – CONT.

HOMEM: Perderá uma?

MULHER: Um palavrão qualquer.

HOMEM: Vadia?

MULHER: Isso não é importante! (T) Você está sorrindo? Acha isso engraçado?

HOMEM: Que a mulher que me traiu durante os últimos dois anos está sentada em cima de uma bomba? Estou achando hilário! Que eu esteja perto dela nesse momento? Nem tanto. (T) E essa voz, ele pediu que eu, especificamente eu, viesse cuidar disso?

MULHER: Não há tantos especialistas anti-bomba na cidade.

HOMEM: Mesmo assim. Não gosto disso. (T) Então, qual era o segredo? (A MULHER NÃO ENTENDE A PERGUNTA) Você se sentou, soube da bomba e aí? Ele não te disse qual era o tal segredo que sabia de você?

MULHER: Não, ele desligou. Não há nenhum segredo.

HOMEM: Por que veio para esse quarto? (ELA NÃO RESPONDE) Escuta, não é seu ex-marido falando agora. Isso pode ser importante. Por que veio para esse quarto? A essa hora? (ELA O ENCARA, A RESPOSTA É ÓBVIA O SUFICIENTE) Ah, mas que droga! E cadê ele? Já imaginou que pode muito bem ser o seu encontro secreto que colocou essa bomba?

MULHER: Não é secreto e por que ele faria isso?

HOMEM: Sei lá, quem está sentada em cima de uma bomba e tem encontros com amantes no meio da manhã é você! Se eu... (ELE REPARA EM ALGUMA COISA E SE AGACHA NOVAMENTE, EM SEGUIDA SE DEITA PARA VER MELHOR) Diabo!

MULHER: O que foi?

HOMEM: Um contador. Havia uma tela escura sem nada, mas agora estou vendo um contador. Ligou sozinho.

MULHER: E o que ele está “contando”?

HOMEM: Três minutos.

NA TELA SURGEM OS DÍGITOS “00:03:00” E A CONTAGEM REGRESSIVA COMEÇA “OO:02:59”, “00:02:58” E ASSIM POR DIANTE.

MULHER: Ah, meu Deus, faz alguma coisa!

O HOMEM SE LEVANTA E OLHA PRA PORTA. POR UM MOMENTO, COGITANDO SERIAMENTE SAIR DALI. MAS POR FIM, DECIDE FICAR.

HOMEM: Não vai dar tempo de chamar o pessoal. Vou tentar desarmar isso. A decisão é sua.

MULHER: Qual decisão? Entre explodir ou você tentar desarmar a bomba? Claro que quero que tente! Desarme essa bomba!

HOMEM (SUSPIRA): Tá. (ELE ABRE UM ESTOJO COM ALGUMAS FERRAMENTAS, SE DEITA NOVAMENTE E COMEÇA A NARRAR OS PROCEDIMENTOS) Estou abrindo o painel com a tela. Certo, o painel está ligado, mas a tela continua acesa. (ELE COMEÇA A RIR).

MULHER: O que foi?

HOMEM: Quem armou essa bomba tem senso de humor pelo menos. Estou vendo os clássicos fios vermelho e azul, ligados aos detonadores e a carga. Dá pra acreditar? (T) Eu disse: dá pra acreditar?

MULHER: Sim dá. A voz me disse que haveria esses fios.

HOMEM (AINDA DEITADO, TIRA A CABEÇA DEBAIXO DA CADEIRA PRA ENCARAR SUA EX-ESPOSA): O que?

CENA 4.

INT. APARTAMENTO – DIA – ALGUMAS HORAS ANTES:

NOVAMENTE FLASHBACK EM PRETO E BRANCO. A MULHER SEGURANDO O TELEFONE.

VOZ: Dois fios. Um azul e outro vermelho. Corte a cor favorita do seu marido e a bomba não explode.

CENA 5.

INT. APARTAMENTO – DIA – CONT.

MARIDO: E por que não me disse isso antes?

MULHER: Desculpa, eu estou nervosa! Achei que não fosse importante.

MARIDO: Depois vamos discutir sobre seus critérios do que é e do que não é importante. Muito bem.

A MULHER ESPERA, MAS O MARIDO DELA ESTÁ QUIETO. ELA ESPERA MAIS UM MOMENTO. NADA.

MULHER: E então?

HOMEM: E então você. Qual a minha cor favorita?

MULHER: O que? Você sabe! É a sua cor favorita.

HOMEM: Eu sei qual é, mas a bomba é sua. A pergunta foi para você. Diga, qual é a cor favorita do seu marido? Qual a cor favorita do homem que viveu com você mais de 15 anos?

MULHER: Não faça isso!

HOMEM: Diga!

MULHER: Eu não posso. Eu não sei!

HOMEM: O tempo está acabando! Diga qual é a minha maldita cor favorita ou vamos morrer.

MULHER: Azul! É a cor dos meus olhos. Por isso é a sua cor favorita. Azul, corte o azul!

O HOMEM CORTA O FIO, FECHA OS OLHOS E SUSPIRA ALIVIADO. NA TELA OS DÍGITOS “00:00:01”. ELE SE LEVANTA E OLHA PARA SUA EX-ESPOSA QUE ESTÁ CHORANDO.

HOMEM: Pode se levantar agora.

ELA SE LEVANTA E O ABRAÇA. ELE DEMORA UM INSTANTE, MAS ACABA ABRAÇANDO DE VOLTA.

MULHER: Fui uma idiota.

HOMEM: De sentar em cima de uma bomba? Não, qualquer um poderia cair nessa.

MULHER: Não, estou falando de nós. Eu nunca deveria ter te abandonado.

HOMEM: O que está dizendo?

MULHER: Acho que deveríamos tentar de novo. As crianças sentem sua falta e... eu também.

ELES SE BEIJAM. AINDA ABRAÇADOS VÃO EM DIREÇÃO À PORTA.

HOMEM: Vamos sair daqui. Desarmada ou não, isso ainda é perigoso.

MULHER: Quem será que mandou?

HOMEM: Talvez nunca vamos saber.

CENA 6.

EXT. QUARTO NÃO IDENTIFICADO – DIA – ALGUMAS HORAS ANTES:

NOVAMENTE FLASHBACK EM PRETO E BRANCO. UM HOMEM DE COSTAS SEGURANDO UM TELEFONE.

VOZ: Dois fios. Um azul e outro vermelho. Corte a cor favorita do seu marido e a bomba não explode.

A CAMÊRA VIRA DE FRENTE E VEMOS O MARIDO SEGURANDO O TELEFONE. ELE TIRA UM PEDAÇO DE PANO DO BOCAL (ESTAVA USANDO PARA DISFARÇAR SUA VOZ) E DESLIGA O APARELHO.

CENA 7.

INT. APARTAMENTO – DIA – CONT.

ENQUANTO ELES SAEM, A CÂMERA ABAIXA E MOSTRA A PARTE INFERIOR DA CADEIRA, ONDE PODEMOS VER CLARAMENTE A BOMBA. E O FIO CORTADO. O FIO VERMELHO CORTADO.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Não é sobre a Páscoa

R: Quantas vezes por ano acontece a Páscoa?

MLK: ...

R: ...

MLK: Que?

R: Quantas vezes p...

MLK: Eu escutei. Não foi um "Que?" não escutei, foi um "Que" que diabos quer dizer com isso.

R: Então quantas?

MLK: Uma! Uma vez só. A Páscoa sempre foi e sempre será um vez por ano, seu *****. Por que acha que não é assim?

R: Quando menos espero entro no supermercado e dou de cara com aquele bando de ovos de chocolate pendurados no teto. Meio sinistro. Todos eles numerados e presos por ganchinhos de plástico e tal. Tipo vítimas do Predador.

H: Pensando bem, parece mesmo que eles estão lá mais de uma vez por ano. Estranho.

R: Exato! O Natal é uma vez por ano, o carnaval também, finados, etc. Mas a Páscoa... passa definitivamente a impressão de que acontece mais de uma vez. É como o...

MLK: Como o...

R: Como o "Aquele Dia que Não Deve Ser Mencionado".

H: Voldemort's Day?

R: Mais ou menos isso. E ******! Falta menos de um mês.

MLK: Ainda dá tempo.

R: De que? De criar uma situação artificial e escolher um "ovo qualquer" só pra passar o "Aquele Dia que Não Deve Ser Mencionado" acompanhado? Não estou tão desesperado.

H: Sim, está.

R: Sim, estou. Mas não é esse o ponto.

MLK: Sim, é.

R: Sim é. Mas mesmo assim não vou fazer isso.

MLK: Por que?

R: Herbert, aperte o "play".

H: Pra já!

http://www.youtube.com/watch?v=CMUkfY0W82U

R: I believe the children are our are future, teach them well and let them lead the way. Show them all the beauty they possess inside...

MLK: Give them a sense of pride to make it easier.

H: Let the children's laughter remind us how we used to be...

R: Everybody searching for a hero , people need someone to look up to. I never found anyone to fulfill my needs...

H: A lonely place to be and so I learned to depend on me.

MLK/H: I decided long ago, never to walk in anyone's shadows.If I fail, if I succeed
At least I live as I believe. No matter what they take from me
They can't take away my dignity...

R: Because the greatest love of all is happening to me. I found the greatest love of all inside of me.

MLK: The greatest love of all is easy to achieve...

H: Learning to love yourself, it is the greatest love of all.

R: I believe the children are our future, teach them well and let them lead the way. Show them all the beauty they possess inside. Give them a sense of pride to make it easier, let the children's laughter remind us how we used to be...

MLK: Wow, wow, wow! Tempo! Mas que ****** é essa?

H: Whitney Houston?

MLK: Eu sei que é a ****** da Whitney, seu jegue. O que eu quero dizer é: o que essa música tem haver com nossa conversa? Nada!

R: Bom, acho que é exatamente isso.

MLK: Exatamente o que?

R: As pessoas acham que precisam fazer sentido o tempo todo. É como o "Aquele Dia que Não Deve Ser Mencionado". Se vc passa ele sozinho, mesmo que por livre escolha, se sente mal. Mas não deveria ser assim.

H: Não deveria?

R: Claro que não. Quando vc deixa alguém entrar em sua vida e entra na vida de alguém, é uma grande responsabilidade. Vc pode machucar e se machucar muito. É uma tremenda responsabilidade.

MLK: Então... mas e se nunca acontecer de novo? Não é melhor do que ficar sozinho?

R: Já amou, Sr.King?

MLK: Oh, yeah.

R: Tô falando sério.

MLK: Sim. Já. Já amei.

R: Então, sabe que não existem substitutos. E sabendo disso precisa se manter fiel ao próprio amor.

H: ...

R: Vc entende agora?

MLK: Herbert.

H: Play?

MLK: Play.

http://www.youtube.com/watch?v=iWO0oNgwXfE

ps.

CG: Olá, meu nome é Crispin Glover. Ahn, o (NOME CENSURADO) pediu pra eu fazer esse "ps". O diálogo acima foi fruto de uma conversa altamente filosófica entre (NOME CENSURADO) e sua amiga Ana Lucia.

H: Adorei ela em LOST.

CG: Outra Ana Lucia.

H: *******.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Sliders

Existe uma teoria que toda vez que você lança uma moeda pra cima, vc divide o Universo em dois: em um deles deu cara e no outro deu coroa. Cada decisão criaria um Universo alternativo e isso acontece o tempo todo. Infinitas possibilidades. Conseguem imaginar isso?

H: Não. Quero dizer, sim. Mas não consigo entender. Cabeça dói.

MLK: Qual a praticidade dessa informação? Ainda não jantei e...

E se eu dissesse que descobri um modo de escolhermos em qual destes infinitos Universos podemos estar?

MLK: Eu diria "Woohoo!".

Percepção. Fé. Bastaria a quantidade certa e acredito, realmente acredito, que nossas consciências poderiam passar a existir, na verdade perceber, qualquer um destes Universos específicos. O melhor deles.

MLK: E se vc tentar e não conseguir...

Posso simplesmente concluir que em algum outro lugar existe um Universo onde eu consegui. Ahn, sacaram? É genial ou é genial?

MLK: É genial. Aonde vai? Qual o critério que vai usar para escolher o tal Universo certo?

Hoje, de fato, a menos de uma hora atrás recebi 28 e-mails de 2008. E-mails que eu já havia recebido ano passado. E entre eles, um e-mail da (NOME CENSURADO).

H: (NOME CENSURADO)? Caramba, isso é estranho.

MLK: Não gosto do rumo que essa conversa está tomando.

Se eu acreditar que percepção e principalmente fé é o combustível para essa viagem, como posso negar a importância de coincidências como essa? Agora sabem para onde eu vou.

MLK: Vamos imaginar uma outra situação.

Hm?

MLK: Vc já foi, deu tudo errado e vc conseguiu voltar para exatamente escolher não ir. Essa sua viagem anterior causou o bug temporal dos e-mails de 2008. Uma prova de que tudo isso aconteceu, um aviso pra não fazer isso.

Você já me disse isso.

MLK: Sim. Lá eu também te disse algo semelhante. E o fato de vc ter recebido os e-mails de 2008 significa...

Que eu ouvi e segui o seu conselho, Sr.King.

MLK: Não vá. ESTE é o melhor dos Universos. Herbert, quer me ajudar aqui?

H: As pessoas são a soma de suas qualidades e defeitos, de seus acertos e erros. Tentar corrigir cada coisa é trapacear, é negar quem vc deveria ser. Algumas coisas, algumas pessoas, simplesmente não deveriam ser e por isso vc deve deixar elas irem embora. E se te serve de consolo...

E se me serve de consolo em algum lugar ainda estamos juntos. É isso, não é?

MLK: Então... não vai? Hm, por que está segurando essa moeda?

Calma. Eu ia decidir no cara ou coroa, mas querem saber? Desta vez não vou dividir o Universo. Desta vez a decisão é totalmente minha. O melhor dos Universos é aquele onde as coisas mais importantes não são decididas na sorte. Estou com fome, vou fazer um pudim.

H: Agora essa é uma decisão boa!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

68

Ontem eu tive um daqueles sonhos em technicolor, vc sabe, tão reais que parecem roteirizados. Estavam lá diversas pessoas que foram amigos e amigas minhas. Todas elas, pessoas de um passado recente. Gente que por um motivo ou outro, deixei para trás.

O cenário era um restaurante construído em cima de um desfiladeiro com cachoeiras gigantescas. A água era escura, mas dava para enxergar as silhuetas assustadoras de tubarões gigantes. Sobrenaturalmente gigantes.

Só de relembrar agora, durante o dia, o que aconteceu em seguida me faz literalmente tremer.

Um por um, meus amigos começaram a se atirar pelas janelas. E eu tentava salvar eles mas não conseguia. Eu vi e senti a morte de cada um. E enquanto eles eram devorados vivos pelos tubarões, de alguma maneira, vcs davam um jeito de manter os rostos para cima. Me encarando. E sorrindo.

Eu sei o que esse sonho significa. Eu sei o que são os tubarões. E eu sei porque vcs não aceitaram minha ajuda e porque sorriam para mim. Logo chegará minha vez de assombrar os sonhos das pessoas.

Dizem que segundos antes da morte cerebral um hormônio é liberado (um especial, com essa única e específica função). Ele faz com que seu medo da morte suma. Vc aceita a morte, vc compreende a morte e não tem mais medo dela.

Então, não tenho medo. Mas estou perdendo minha paciência.

Lançamento do meu livro em Sampa!


Em cima da hora, eu sei. Tão em cima que quase eu mesmo não iria. Mas eu vou e espero que vc vá. É, estou falando diretamente com vc. Por isso, tire a mão esquerda do queixo, pegue papel e caneta, e anote na sua agenda. É um encontro. Até lá!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

RICARDO - Terça-feira, 9:30

Acordo cedo para minha segunda sessão. Achei que acordar cedo ia me deixar de mau humor e para minha surpresa, isso realmente me deixou de mau humor. Explico. Raramente algo que espero acontece. O inesperado é o padrão. Algo X deveria acontecer e por um capricho de última hora algo Y acontece. Quando X termina sendo X mesmo, eu faço:

R: Hm.

Pego o metrô, pessoas feias, um monte delas. Procuro a porta. Não para sair, mas para checar o vidro escuro que funciona como espelho. Suspiro aliviado ao ver minha imagem e confirmar que eu até posso estar no meio daquele monte de gente feia, mas não sou uma delas. Certo, sei o que estão pensando. "Cara, vc É um deles e ainda por cima é convencido". Sei disso porque parte de mim pensou isso. Naquele instante mesmo:

H: Cara, vc É um deles e ainda por cima é convencido.

R: Acha?

H: Bom, vc está aqui, não está?

R: Certo, mas... eu sou um acidente, vê? Estou aqui só porque a doutora marcou a sessão nessa hora ingrata. Vai ser terrível! Vou gastar meia hora só falando da experiência que é acordar cedo e pegar metrô. E eu deveria falar dos meus problemas reais! Meus pais e garotas, mas vou ficar falando sobre acordar cedo e gente feia do metrô!

H: Vc está aqui.

R: Não estou. Parece que estou? Não estou. Meu corpo está. Mas meu espírito, ele ainda está na minha cama. Dormindo e rindo de mim. Espírito ******.

MLK: Tive uma idéia. Se achar uma pessoa, uma que seja, fora do contexto é porque sua teoria não é só uma teoria. Tente achar alguém aqui nesse vagão que não se encaixa.

E foi nesse momento que vi... adoraria dizer que nesse momento vi uma garota deslumbrante, vestida de forma impecável, cheirando a perfume de rosas e com o olhar ligeiramente perdido, como se estivesse pensando a mesma coisa que eu. Aí nossos olhares se cruzariam e...

R: Não tem ninguém. São todos igualmente feios, igualmente infelizes, olhe pra cara deles. Dá uma cheirada neles. Não, não faça isso. Eca. Parecem esmagados por alguma força sobrenatural. Nunca vi tanto desepero e... Oh, meu Deus! Eu sou um deles. Eu sou um deles, não sou?

Eu era um deles. Olhei pra imagem no vidro escuro e não havia dúvidas. Mais um infeliz. Mais um. Nada especial, meu lugar era aqui. Acidente eram os outros dias.

D: ...

R: Se eu realmente pensei nisso tudo? Claro! Era inevitável. Estava ali, nem precisei me esforçar muito. Era só... vc sabe, e a voz aqui dentro, ficava narrando a situação. Podemos mudar de assunto?

Meus cachorros estão realçando que viver em casa já não é mais possível. Tenho dois em casa. Poodles, franceses e temperamentais. Adorava eles, mas... não é que eu não goste mais deles. Mas... Certo, vou explicar.

Meus pais já sabem que não vão ter netos. Por isso eles transferem toda sua energia de "avós" para os cachorros. Minha mãe adotou o Calvin que é o mais velho e o meu pai ficou com o Robin. Eles parecem apêndices, nunca se desgrudam. Nem na ficção vejo algo parecido. Vc sabe, quando algum personagem tem cachorro, nem sempre o ***** do animal fica no lado toda hora. Snoopy e Charlie Brown, Garfield e o John, Floquinho e o Cebolinha. A maioria deles tem "aventuras" solo, mas meu pai está SEMPRE com o Robin e minha mãe está SEMPRE com o Calvin. E agora eles deram de brigar. Como? Ah, sim. Os cachorros. Pensando bem, meus pais também.

E para proteger o Calvin a casa está cheia de grades entre os principais cômodos. É como um presídio de segurança mínima. Para eu levar um sanduíche da cozinha para meu escritório são 3 portas e 2 grades. Horrível, sempre derrubo um pouco de café. Todos os meus chinelos cheiram a café.

E como brigam de noite também, acordando a vizinhança inteira, meu pai passou a dormir na sala como o Robin. É ficção-científica. Não entendo como eles podem achar isso normal, fazer tanto malabarismo e sacrifício por causa de... por causa de animais. Pronto eu disse. Eu sou um monstro, ok? Acho absurdo seres humanos sofrerem por causa de animais. Não posso fazer nada, quer que eu finja? Não.

D: ...

Não, eu não sinto ciúmes deles. De quem está falando? Dos cachorros ou dos meus pais? Não importa. Não, o problema não é esse. Vou te contar. Minha avó era uma megera e quando ficou doente, os filhos mandaram ela para morrer num asilo. Na época eu nem pensei muito no caso, mas hj... sabe, a sociedade é nojenta. Vc pode mandar um ser humano, e não um qualquer, mas sangue do seu sangue, para morrer longe de vc. Sim, estou falando de asilos. Vc não quer mais ver, não quer mais cuidar, de uma pessoa... de um ser humano e aí manda ela pra longe. O objetivo é, a msg é, "Ter vc perto de mim além de dar muito trabalho é deprimente, por favor morra e não demore muito, aquilo ali não é de graça, sabe?". As pessoas fazem isso. Mas se uma sugerir fazer a mesma coisa com um cachorro idoso, uau, vc é um monstro. Como pode sequer pensar em fazer uma coisa dessas com o pobre cãozinho! Não sabe que ele sofreria? Que ele morreria de tristeza ao ser abandonado?

R: Minha avó morreu algumas semanas depois. Ela só falava japonês e... Nunca ninguém soube suas últimas palavras.

D: ...

R: ...

D: ...

R: Preciso ir embora.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Convite do "Dez Contos Policiais" - Versão POA


Lançamento em Porto Alegre, no dia 5/5, na livraria Cultura (Bourbon Country). Nope, eu não vou estar lá! Mas se vcs estiverem, vão e prestigiem meus colegas co-autores que não possuem ordens de restrição no Sul do país!

domingo, 26 de abril de 2009

RICARDO - Terça 11:10

Os eventos à seguir ocorrem em tempo tempo real. 11:10 a 12:10 de terça-feira dia 28 de abril de 2009, dia da minha primeira consulta. Talvez seja algo assim que vai acontecer.

R: Eu falo rápido. Sei que temos apenas uma hora por semana, mas como falo realmente rápido, acho que vai ser legal. Não quero ter que vir aqui durante anos. Tenho determinados problemas em minha vida e quero soluções, só isso.

D: (NÃO TENHO IDÉIA DO QUE A PSICÓLOGA VAI FALAR SÓ POSSO IMAGINAR).

R: Sim, já me disseram isso. Nada de soluções mágicas. Mas... essa é minha idéia, escute. Vc já ouviu muita coisa de muita gente, certo? O que eu tenho, não é nada demais. Eu prometo dizer tudo, sem restrições e aí vc consulta seu conhecimento, seus pacientes, e me diz o que fazer. É um bom plano, não é?

D: ...

R: Certo. Eu tinha medo da morte. Quando era criança, quero dizer. O nada eterno, vazio completo. Ausência total de tempo, espaço e consciência. Boiando no nada. Para sempre e sempre e sempre. Nunca mais existir, pensar, ser. Hoje em dia isso meio que me chateia, mas não me dá mais medo. Claro se eu pensar muito na coisa, entro em pânico, mas nada que acender as luzes e começar a gritar não resolva.

D: ...

R: De ficar sozinho. Eu vejo dias, semanas, meses e agora anos passando. Rápido demais. Há evolução, mas não rápido o bastante. Se eu viver, não sei, uns 3000 anos, poderei sonhar em ter uma vida normal. Mas nesse ritmo? Não mesmo.

D: ...

R: Meus pais me olham torto quando os amigos deles falam sobre netos. Acho que por isso que os cachorros em casa são tão paparicados.

D: ...

R: Umas cinco. Seis. Cinco. Romances virtuais também contam? Ok, que bom. Então umas vinte e sete. Vinte e oito. Trezentas e vinte e sete. Menos de mil, menos de quinhentas com certeza. Tá, não sei o número certo.

D: ...

R: Posso passar essa?

D: ...

R: Sábado passado tive um ataque de pânico. Sim esse sábado. Eu estava no computador e de repente, é ridículo. Congelei e lágrimas... do nada. Comecei a tremer. Me levantei e estava sem ar, minhas mãos pareciam que estavam segurando cubos de gelo.

D: ...

R: Uma vez em 2007 quando morava sozinho. Não é a pior sensação do mundo, mas é esquisito vc ficar sem controle. Mesmo durante o ataque, aqui dentro, conseguia racionalizar a experiência. "Hey, estou pirando!".

D: ...

R: Minha amiga me ligou e eu fui me encontrar com ela e alguns amigos numa danceteria. Não, eu não bebo. Conversamos. Até as três da manhã. Dancei um pouco, odeio dançar. Sempre imagino o lugar sem aquelas luzes e sem o som, apenas aquele bando de gente marchando no mesmo lugar e balançando os braços e as cabeças...

D: ...

R: Acordei bem. Fui no supermercado sozinho. De carro. Não dirigia a muito tempo desde o acidente. Agora gosto. Jerry Lee. Um Palio vermelho, isso, de Jerry Lee Lewis. Compras da semana. Pudins light, sopas light e hamburguers de soja. IMC 22.

D: ...

R: Índice de Massa Corpórea. Eu já pesei 112 quilos. Juro. Ia precisar de um divã maior.

D: ...

R: Fiquei lendo uma pilha de livros. Leio uns 12 livros ao mesmo tempo. Fiquei longe do computador o dia todo. Sim, talvez por isso.

D: ...

R: Não sei. Mas não faça isso. Não quero sair daqui com mais dúvidas. Me dê algo para pensar até semana que vem. Sei lá, tipo um "para casa". Me diga o que fazer.

D: ...

R: Acredita que eu pensei nisso tudo? Antes quero dizer. Imaginei como seria isso e até escrevi à respeito. Sim. Um diálogo sobre como seria isso aqui.

D: ...

R: Tenho essa teoria. Cada um de nós tem 12 almas gêmeas. Claro. Até agora? Cinco. Seis. Cinco. Encontrei cinco delas. Ainda tenho chances, ainda tenho sete chances.

D: ...

R: Claro que sei. Mas não. Não, não posso cogitar essa possibilidade.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Aquele onde me livro de vc

MLK: Tem um negócio na sua cara.

R: Eu sei. Se chama sorriso. Vou te contar, Sr.King. Durante literalmente meses eu estive hibernando, sofrendo em silêncio.

MLK: Rá!

R: Tá, não tão em silêncio, mas sofrendo mesmo assim. Com uma única dúvida. Todos juntos agora.

R/H/MLK: "Será que fiz a coisa certa?"

R: E agora a dúvida fez kaput! Ahn, vcs se lembram?

http://tinyurl.com/cjrny4

R: E hoje, tecnicamente ontem 22 de abril de 2009, eu soube. Você enforcou o gato de pelúcia que eu te dei em dezembro! E o motivo? Porque vc achou que eu tinha amaldiçoado o bicho, feito um feitiço nele pra vc nunca deixar de me amar! ****** faz idéia de como isso é doente, sua ******? Sabe o que foi que eu fiz com o gato? Com o gato que eu comprei na loja de brinquedo do Shopping Ibirapuera e depois desci correndo três lances de escadas pra mandar por SEDEX no correio? Sabe o que eu fiz com a ****** do gato?

Eu pedi para a moça da loja de brinquedo se antes dela embrulhar o bicho, se eu podia abraçar um pouco ele. Porque eu queria abraçar o gato que eu sabia que daqui a algumas dezenas de horas vc estaria abraçando. É isso que fiz com o gato. Satisfeita? *******! Só isso. Nada de feitiços. O que ***** estava pensando? Sim, o que que foi Herbert?

H: Não entendi. Por que ela enforcou o bicho?

R: Porque uma amiga ****** dela achou que seria um modo de "exorcizar" o brinquedo assassino.

MLK: ******!!!

H: Ela enforcou o gatinho? ELA ENFORCOU O GATINHO?

R: Bom, era de pelúcia, mas... sim. Ela enforcou o bicho.

MLK: ******!!!

H: E na mesma semana que o Tiradentes foi enforcado? A completa e total falta de sensibilidade disso tudo me deixou perplexo. Estou... ah, eu não sei como estou. Qual a palavra?

R: Perplexo?

H: Isso!

R: Quando soube eu senti indignação, medo, raiva, desprezo, nojo e depois fome.

H: Fome?

R: Bom, fiquei remoendo por um tempão, chegou uma hora que fiquei com fome.

MLK: ******!!!

R: Mas o lado bom agora.

H: Qual? Tem?

R: Claro que tem, baby! Agora estou livre, baby! Uma coisa é achar que ela era uma... Sr.King, pode me ajudar aqui? Ela era uma...

MLK: ******!!!

R: E outra é agora ter certeza de que ela é mesmo, sem a menor partícula de dúvida, a mãe de todas as...

MLK: ******!!!

H: Isso é tão cool.

R: Pode apostar.

H: Você está livre, baby.

R: Eu estou livre, baby. Para parar de sentir dúvidas, para parar de sofrer, para começar a fazer planos para o futuro que é tão maravilhoso. Eu poderia...

H: Dançar e cantar?

R: Sim! Sr.King? Música!

MLK: ******!!! Quero dizer... é pra djá!

http://blip.fm/~4szm2

R: When people keep repeating...

H/MLK: That you'll never fall in love!

R: When everybody keeps retreating...

H: But you can't seem to get enough.

R: Let my love open the door, let my love open the door, let my love open the door... to your heart!

H/MLK: My love open the door, my love open the door, my love open the door!

R: When everything feels all over!

H: When everybody seems unkind!

MLK: I'll give you a four leaf clover!

R: Take all the worry out of your mind... todos juntos agora!!!

R/H/MLK: Let my love open the door, let my love open the door, let my love open the door! To your heart!

H/MLK: My love open the door, my love open the door, my love open the door!

H: I have the only key to your heart. I can stop you falling apart!

MLK: Try today, you'll find this way. Come on and give me a chance to say!

R: Let my love open the door... It's all I'm living for, release yourself from misery. There's only one thing gonna set you free.

H/MLK: That's my love! Let my love open the door, let my love open the door, let my love open the door...

H: When tragedy befalls you, don't let it drag you down.

MLK: Love can cure your problems, you're so lucky I'm around.

H/MLK: Let my love open the door, let my love open the door, let my love open the door...

R: To your heart!

terça-feira, 21 de abril de 2009

Diálogo real 21/04

H: Então como foi o encontro?

R: Não foi. Não houve encontro. Eu achei que era, mas não era um encontro. Pelo menos de acordo com ela.

H: Tão ruim assim?

R: Tão ruim assim. Herbert?

H: Hm?

R: Vc estava lá, viu tudo, o que aconteceu?

H: Sua amiga Flavia disse tudo. Concordo com ela.

R: Então é um jogo. Odeios jogos. Isso não deveria ser um jogo.

MLK: Eu estava lá também e sabe o que vi? Nada demais.

R: Nada demais? Em que sentido?

MLK: Nada demais em todos os sentidos possíveis. Não entendo por que ficou tão abalado. Não tinha nada, não perdeu nada. Não conhecia a pessoa, continua não conhecendo. E as expectativas? Qualé, não tinha nenhuma. Vc foi porque quis ir, sabendo dos riscos. O que esperava?

R: Nada. Tudo. Então, por que estou assim?

H: Porque acreditava na POSSIBILIDADE. De coração, acreditava. E vc ainda acredita. "Ser fiel ao amor", não é isso que importa? As pessoas vão eventualmente te decepcionar mas o sentimento, a entidade, essa vc nunca abandona, vc nunca trai.

R: Como poderia? Cada dia, eu acordo e me pergunto "É hoje que vou conhecer Ela? Eu já conheço Ela?". Tudo que faço, tudo o que penso, não é por mim. Nunca foi. É por essa pessoa maravilhosa que talvez nem exista, mas que consegue me fazer ir em frente. E então, eu percebo que não é alguém, é mais do que isso, é o sentimento puro e simples que me impulsiona. Se eu tiver sorte e um dia essa... entidade se apresentar diante de mim em forma física, uau, mas mesmo que isso nunca aconteça, não importa. Eu simplesmente preciso continuar acreditando. Preciso continuar a ser fiel ao Amor. O resto é... resto.

H: ...

MLK: Abraço coletivo!

R: NÃO!!!!

3 minutos depois...

R: Caras? Já estou me sentindo melhor, poderiam me largar agora? Sério, quero ir no banheiro. Olá?

segunda-feira, 13 de abril de 2009

PREVIEW DO MEU CONTO "APOSENTADORIA COMPULSÓRIA"

Olá, se estão lendo isso é porque clicaram no link que coloquei no Twitter (ou porque é um pervertido/stalker que procurou por meu nome até chegar neste blog, é estou falando com vc seu *****!!!). Onde eu estava? Ah, sim. Este é um "trailer" do meu conto que estará completo no livro "Dez Contos Policiais" da Editora Mirabolante. O lançamento no RJ será amanhã (detalhes aqui http://tinyurl.com/cm5tch) e dia 13 de Maio em SP. Sim, eu estarei lá. E não, não vou autografar nada porque acho desprezível esse tipo de auto-glorific...

H: Mentira.

R: Não é mentira. Eu não vou autografar ****** nenhuma.

H: Isso é verdade, a mentira é o motivo.

R: ...

H: Vamos lá, bote pra fora. Vai se sentir melhor.

R: Eu, eu...

H: Diga!

R: Eu não sei mais escrever sem ser no teclado!!!

MLK: Olá, meu nome é Martin Luther King. Sim, o cara do discurso do "Eu tive um sonho". Você sabia que hoje milhares de jovens estão silenciosamente vivendo um drama?

R: EU SOU UM ANALFABETO FUNCIONAL!!!!

H: E outros nem tão silenciosamente assim.

MLK: Estes seres infelizes, escravos do comodismo, descobrem através da necessidade que não são mais capazes de escrever usando caneta e muito menos lápis.

R: Esses troços são feitos de madeira! De madeira, pelo amor de Deus! Isso é loucura.

MLK: Triste.

Certo, então eu não sou mais capaz de escrever, logo não sou capaz de escrever dedicatórias. De fato, nem de escrever meu nome de maneira igual diversas vezes. Logo, o que vou fazer: eu vou desenhar uma rubrica e dar meu cartão em vez de distribuir autógrafos. Cool, huh? As pessoas vão achar que sou esquisito e cult. Bem melhor do que saberem que sou um analfabeto preguiçoso.

Obrigado, fiquem agora com o "trailer"...

**********

Aposentadoria no concorrido mercado dos assassinos profissionais, significa uma coisa e uma coisa apenas: ou você some, ou eles somem com você.

Herbert Soldera, sendo o maior assassino vivo ou morto de todos os tempos, sabia disso melhor do que ninguém. E ele sabia também que sua hora havia chegado: duzentas e quarenta e sete mortes perfeitas e agora um erro.

E quando se é o melhor, um erro é o que basta.

***********

O padre abriu a grade.

“Filho, sei que no fundo, beeem no fundo, você não é uma má pessoa. E mais. Acredito que seu erro foi um sinal divino. Deve parar com essa vida. É claro que você também é um doente mental degenerado e com certeza vai queimar no inferno por toda a eternidade.”

“Essa foi a coisa mais bonita que alguém já me disse. Obrigado, padre. Vou pensar nisso.”

Ele pensou e concluiu que precisava trocar de igreja.

***********

Eu de novo. Vão precisar comprar o livro para saberem porque um cara usa óculos à prova de balas. É isso, até amanhã!

H: Temos tempo para uma música?

R: Temos.

H: Legal!

http://blip.fm/~49dfo

sábado, 11 de abril de 2009

Como disse Fox Moulder...

Uma das histórias mais legais da Bíblia é de como Judas traiu seu melhor amigo (Jesus) e depois percebendo a grande ******* que fez, se arrependeu e... aí não sei os detalhes direito, mas imagino que ele fez algo no estilo do Gladiador com William Wallace. Bom, no final, redimido de seus erros, ele vira santo. São Judas. Ta-rã!

Ok, se você saca mais de religião do que eu (o que é bem provável!) a essa altura vc deve estar pensando "O que diabos esse cara bebeu? Putz, não acredito que perdi 30 segundos da minha vida lendo essa ******? Argh!"

Certo. São dois Judas diferentes. Um foi o traidor e o outro... sei lá o que ele fez mas acabou virando santo, bom pra ele. Mas o fato é que durante muito tempo achei que eram a mesma pessoa e isso era uma baita história de redenção. Darth Vader ao contrário. O cara nasce meio chato, meio gordo, meio invejoso, comete uns erros, comete um GRANDE ERRO, mas a vida dá uma chance pra ele e em vez de se afundar cada vez mais (se suicidar incluído nessa), resolve que pode dar a volta por cima. Começa a fazer dieta, lê alguns livros de auto-ajuda, faz umas ligações, reatando velhas amizades e tal.

J: Hey, Pedro! Não, não desliga! Eu sei, eu sei, foi mancada. Mas olha, eu tive uma grande idéia. Vamos chamar o pessoal, todos os outros dez e formar uma equipe. Tipo, vamos fazer coisas boas, ajudar as pessoas. Fazer a diferença. Isso! A gente começa explodindo alguns coliseus e tal. O nome? Que tal, o "Esquadrão Classe J"? Não, não. O J seria de Jesus. Que que posso fazer se meu nome também começa com essa letra! Certo, vou ligar pro Paulo agora. Pode falar com o Daniel? Ele é meio chatonildo. Valeu, fui.

Mas não foi isso que aconteceu. Mas sabem? Poderia ter acontecido assim e, diabos, eu escolho os milagres que quero acreditar. Um homem pode caminhar em cima da água, outro pode dividir o mar só abrindo os braços, mas um cara não pode se arrepender de seus erros e virar um Che Guevara bíblico? Qualé! É questão de fé.

Coelhos botam ovos e são de chocolate, redenção existe, a dieta de Atkins funciona, vc está lendo isso agora e está sorrindo, todo mundo pode ser feliz e continuar sendo pra sempre, cada coisa no Universo tem um propósito.

Eu quero acreditar nisso.

ps. Enquanto Judas fazia suas ligações e juntava seu grupo de amigos/cães de guerra, imaginei a seguinte trilha sonora:

http://blip.fm/~4577i

pps. Feliz Páscoa, pessoal! E lembrem-se, nada de carboidratos depois das 18:00 e sim, chocolates são carboidratos.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Aquele do primeiro de Abril

Tive a sorte de na minha vida já ter escutado e dito alguns "Eu te amo"s seguido de (um pouco mais raros) "e te amarei para todo o sempre". Preciso dizer que nenhuma dessas juras se concretizou? O tal do "para todo o sempre" em alguns casos durou menos de uma semana. Oi, Carolyn!

A mentira é algo extremamente... humano. Uma anomalia. Ela é essencialmente negativa, ruim e errada. Dada a minha experiência e a de todos os meus amigos e amigas, sei que quando alguém diz "Eu te amo", essa pessoa está mentindo. Descaradamente. Mas preciso ouvir e preciso acreditar, porque assim como as mentiras, as pessoas também podem surpreender. E o que importa, a única coisa que importa, é se elas acreditam ou não no que dizem.

"Eu te amo".

Certo, mentira, não acredito em vc. Mas... e vc? Acreditou mesmo quando me disse isso? E aí nada mais importa.

Eu minto e escuto mentiras o tempo todo. Elas me mantém longe das horríveis verdades deste mundo cada vez mais cínico, soberbo e dono da... sim, da verdade.

Mas a verdade liberta.

Uma ova. A verdade machuca, ofende, oprime, amputa e mata tudo e todos que ficam no seu caminho. Se vc está bem, a verdade é sua melhor amiga. Agora, veja o que acontece quando os problemas surgirem em sua vida. Ela será a primeira a virar as costas para vc, ou, o que é mais provável, ela vai te apunhalar. E de frente, para que a decepção seja maior ainda.

Hoje é primeiro de Abril. Não gosto. Tenho a mesma relação com essa data que os perus têm com o Natal. Hoje as pessoas irão brincar de mentir. No domingo nas igrejas, elas brincam de rezar?

Nem a verdade e nem a mentira são absolutas. Cada um escolhe no que quer acreditar. Eu escolho no que quero mentir também.

ps. Continuem mentindo para mim. Me enganem, me iludam, me confortem. Mas façam isso bem. Porque estão lidando com um profissional.

terça-feira, 31 de março de 2009

Convite - Noite de autógrafos (RJ)


Champagne de graça! Weeeee!!!

Dia 14 de Abril (terça-feira), na Livraria da Travessa do Shopping Leblon.

19:00, Av. Afranio de Melo Franco 290. Estejam lá!

Meu conto "Aposentadoria Compulsória" é sobre um assassino que usa óculos com lentes à prova-de-bala (Cool!).

ps. Eu vou estar com um blaser verde, jeans preto e Timberlands.

domingo, 29 de março de 2009

Aquele onde preciso de alguns dias pra pensar

A segunda filha da minha prima nasceu anteontem. Ela tem a mesma idade que eu e já tem um casal de filhos. Eu tenho 2 poodles e 3 cactos.

Não estou com inveja dela. Deus, não. Eu ainda sou um "filho". E tenho certeza que não tenho o material certo pra ser um "pai". Reli a última linha, ficou esquisito. Eu TENHO o material certo, ok? Só que... fui visitar ela no hospital hoje. O marido dela estava lá.

R: Hey, parabéns pra... Uou, podia cobrir isso? Já cobriu? Argh, ainda não. Eu volto depois.

A: (NOME CENSURADO) larga de ser doente. Estou só amamentando. E vc já viu eles antes.

R: Quando eu tinha mais seios do que vc! *E o seu marido não estava junto. Oi, Gustavo! Trouxe isso. São charutos de chocolate. Trouxe 3. Um pra vc, pra vc e... ela já pode comer chocolate? Não? Ok, sorte minha.

A: Pronto, já pode se virar.

R: Hm, bonitinho. Ainda tem um pouco de... aí no canto da boca. Não, no outro lado. Isso. Nossa, eles já nascem com cabelo? Que coisa. Morde?

A: Vc quer segurar um pouco?

R: Não.

G: Pode segurar. Vamos lá, tio.

R: Haha, certo. Ahn, nada disso de "tio", ok? Ela não é minha irmã, então ele...

A/G: Ela.

R: Ela não é minha sobrinha. Eu não sou tio. Eu não sou seu tio. Ela tá me vendo? Ela já enxerga?

A: (NOME CENSURADO).

R: O que?

A: Segura ela.

R: Tá, mas deixa eu sentar antes. Se cair a queda é menor e... Oi.

A: E então?

R: Ela é maravilhosa. Vocês dois estão de parabéns. Oi, eu sou seu... O que eu sou?

G: Bom, tecnicamentre vc não é nada.

A: Gustavo!

R: Não, ele está certo. Tecnicamente não sou nada. O que é bom. Ela é bem bonitinha. Teoricamente posso me casar com ela, haha... ok, sem graça. Hm.

A: (NOME CENSURADO) a gente conversou e... vc gostaria de ser o padrinho dela?

R: ...

G: Não precisa responder agora.

R: Não, eu posso responder agora. E eu, desculpem, segura ela aqui. Ahn, eu agradeço. Realmente, mas... não, eu não gostaria disso.

A: Por que não?

R: Sou uma péssima escolha. Imagina, se vcs morrerem, querem mesmo que eu seja responsável por ela? Eu confundo Earl Grey com Jean Grey.

G: Quem?

R: Earl Grey é um chá e Jean Grey é uma ruiva do X-Men. Não? Jeeeeaaaaaan! Certo, vc não é um fã. Ahn, onde que eu estava?

A: Recusando ser padrinho com desculpa esfarrapada.

R: Isso. Ela está olhando pra mim? Olá, vc cheira esquisito e escolheu uma péssima hora pra nascer. A Terra vai acabar em 2012. Que timing, hein? Ela está sorrindo. Hey, ela está sorrindo! Isso é... bacana.

A: ...

R: Vou pensar, ok?

Vou pensar.


* A penúltima vez que vi os peitos da minha prima, nós tinhamos 11 anos e eu uns 98 quilos.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Aquele onde tudo volta ao normal

Sigo 241 pessoas no Twitter. Todas são pessoas que me seguem também, sigo essa lógica. Ou seja, tirando os estrangeiros e entidades, só sigo se a pessoa me seguir também.

Menos uma.

Não sei quando adicionei ela ou o motivo. Ela não me segue, não sabe que existo, não lê o que escrevo. Então pelas minhas próprias regras eu devia deletá-la. Mas não faço isso. O motivo é simples. Gosto de ver seu rosto surgir inesperadamente na minha vida. E não imagino uma razão suficientemente boa para apagar sua presença dela. Isso não é uma cantada, é muito mais do que isso.

Claro que eu não a amo. Nem eu na minha fase Charlie Brown dos anos 90 me apaixonava tão rápido e tão sem motivos. Mas eu poderia. E esse é o ponto. Eu poderia e muito facilmente. Ela ou qualquer uma agora. Perceber isso foi inesperado e maravilhoso. Sou capaz de me apaixonar de novo. Garota anônima do lindo sorriso, alguém te...

H: Alguém te... o que?

MLK: Termine a frase, seu *******!

R: Sem pressa, caras. Pela primeira vez em meses, estou em paz.

H/MLK: ...

R: Perguntas?

MLK: Quando disse "qualquer uma"...

R: Linguagem poética.

H: Ufa!

terça-feira, 24 de março de 2009

O fim.

Diálogo real (5 de outubro de 2008)

R: Oi, padre. Eu de novo.

P: Quer parar com isso de “Oi, padre”. Sou seu primo, *****!

R: Seja profissional e respeite o local, ok? Caramba.

P: Tá, tá. Então, o que fez ontem… ahn, filho? Pecou?

R: …

P: Ei, (NOME CENSURADO). Ei!

R: Pode abrir esse negócio e falar comigo… cara-a-cara?

P: Claro. Claro, o que houve?

R: Quanto tempo está nessa igreja?

P: Dois anos.

R: Eu não vim antes, e… foi mancada. É uma bela igreja. Todos esses detalhes dourados e anjos gordinhos. Os olhos podiam ser mais bem feitos. Aquele ali parece que tá infartando.

P: O que aconteceu?

R: … eu não sei. Sabe quando… o que há com as pessoas, cara? Por que… isso é besteira.

P: Toma, usa isso. Não, pode usar. Não sou eu que lavo mesmo. Escuta, já votou?

R: Já.

P: Vamos tomar um porre de vinho. E depois você me conta o que aconteceu.

R: Eu não bebo.

P: Talvez. Mas mesmo assim vamos fazer isso.

R: Cortou o cabelo. Ficou bom.

P: E o seu está… desculpa, não sei elogiar homem.

R: …

P: Quer um abraço?

R: Não. Sim. Não. Sim, eu quero. Quero um abraço.

P: As coisas acontecem e na hora a gente pergunta se merecia ou se foi apenas vítima de um destino cruel. Mas o fato é que não compreendemos, não somos capazes de compreender como Ele pensa. Quero dizer, o cara mandou o próprio filho para ser torturado e crucificado, *****! Imagina o que Ele é capaz de fazer com a gente então.

R: Não preciso imaginar. Ele é como um traficante que pega um sujeito limpo, oferece drogas e faz o cara ficar viciado em algo que antes nem precisava. É isso. Seu chefe é um babaca.

P: Está na pior por isso vou dar um desconto. O estilo dele é truculento, mas o cara é uma mãe. Olha pra mim, dá pra acreditar que eu iria estar aqui ainda? Emprego, uniforme, mandando os outros rezarem, ouvindo um bando de fofocas o dia todo. Tudo fará sentido no final. E você está aqui, não está? O próprio (NOME CENSURADO) dentro de uma ***** igreja. Hahahah! Aleluia.

R: ****. Amém. Isso funciona?

P: O microfone. Claro, por que? Vai fazer um sermão?

R: Liga o som e vai pro piano.

P: É um órgão.

R: Hahaha! Você disse “órgão”.

5 minutos depois…

P: Pode começar. No três. Três, dois… vai!

http://tinyurl.com/dcxov6

R: As I walk this land with broken dreams, I have visions of many things. Love’s happiness is just an illusion filled with sadness and confusion. What becomes of the broken hearted? Who had love that’s now departed? I know I’ve got to find some kind of peace of mind.

P: Maybe, yeah!

R: The fruits of love grow all around but for me they come a tumblin’ down. Every day heartaches grow a little stronger. I can’t stand this pain… much longer. Desculpa, desliga tudo!

P: I walk in shadows searching for light. Cold and alone no comfort in sight, hoping and praying for someone to care. Always moving and goin to where.

R/P: What becomes of the broken hearted? Who had love that’s now departed? I know I’ve got to find some kind of peace of mind. Help me, please.

P: I’m searching though I don’t succeed, but someone look, there’s a growing need. Oh, he is lost, there’s no place for beginning, all that’s left is an unhappy ending. Now what’s become of the broken-hearted who had love that’s now departed? I know I’ve got to find
some kind of peace of mind.

R: I’ll be searching everywhere just to find someone to care.

P: I’ll be looking everyday…

R: I know I’m gonna find a way, nothings gonna stop me now… nothings gonna stop me now… stop me now.

P: Agora o vinho!

Aquele onde me despeço de vc

Em algum lugar estar acordado a essa hora não é errado. Eu devia estar lá.

♫ http://blip.fm/~2k15g

Durante vários meses eu namorei com um celular. Dormi “abraçado” com o aparelho (eu sei, eu sei, radiação. Não tem problema, não vou morrer disso). Eu sorria para a tela e quando ele tocava, eu escutava vc me dizendo “Eu te amo, eu te amo, eu te amo…”.

Ele não toca mais hoje. Está desligado faz muito tempo e a bateria demorou a morrer mas finalmente apagou totalmente hoje de manhã. Minha irmã disse que é impossível ele ter durado tanto, mas eu acredito em milagres. Sempre acreditei e acho que por isso eles também acreditam em mim.

Coloquei o aparelho (segurei com um lenço, não tive coragem de encostar, algo aconteceria com certeza). Depositei ele embaixo da roda esquerda traseira do Jerry Lee Lewis (meu Palio vermelho, vc se lembra?). Toquei a música, a nossa música “Wouldn’t it be nice” dos Beach Boys e então passei por cima do celular. Minha mãe estava regando as rosas, ela sabia o que eu estava fazendo. Era eu me despedindo de vc. Pela última vez.

Desde dezembro emagreci 18 quilos. Passei do ponto, estou pele e ossos. Não tenho apetite, não tenho sonhos. Não sorrio mais. O que eu quero com esse “regime” auto imposto? Me parece óbvio: quero sumir. Só que isso não é totalmente verdade, não é? O que eu quero mesmo é que vc suma. Suma.

Eu te dei o meu coração e vc pisoteou ele. Mas são apenas palavras, ou não são? Este sou eu, um Zumbi. Uma sombra de quem já fui. Poderia continuar escrevendo e escrevendo, mas só existe um modo disso acabar. E é assim. Eu te amei, garota. E nunca mais irei amar novamente. Ninguém.

Aquele do Natal em Setembro

R: Não aguento mais frio e chuva, caras. Pessoas sensíveis como eu são suscetíveis ao clima.

H: Tipo, mendigos que viram picolé?

R: Note como vou ignorar você nesse diálogo. Então, Sr.King? Qual a previsão para amanhã?

MLK: Quer que eu minta ou te diga a terrível e deprimente verdade?

R: Minta.

MLK: Vai fazer frio e chover a semana toda.

R: ****! Eu pedi que mentisse. Espera, espera. Se você mentiu é porque na verdade o clima vai ser o contrário do que disse. Então a semana será ensolarada e nada de chuva? Isso é ótimo!

MLK: Ah, tá. Não. Vai ser fria e com chuva mesmo. Escutei errado e achei que queria saber a terrível e deprimente verdade.

R: ****!

H: Sabe o que poderia alegrar a gente? O Natal. Eu adoro Natal. É dezembro, feriado, a comida é divertida e todo mundo parece mais alegre.

R: Continuo te ignorando, mas essa é uma excelente idéia. Todos para o Onomobíl! Vamos comprar o maior peru que tiver e depois iremos montar a árvore de Natal e vamos usar nossos suéteres especiais de Natal!

MLK: Tá falando sério?

R: Sim! Irei desafiar o calendário. Essa semana, vamos ter o melhor Natal de todos! Ei, garoto que dia é hoje?

T: Hoje, senhor? Ora é dia de Natal.

R: Viu? Até o pequeno sem teto está no clima. Obrigado, pequeno sem teto!

T: É pequeno Timmy, seu ****!

R: E um Feliz Natal para você também!

H: Aonde que vamos achar um peru nessa época do ano?

R/MLK: Hihihi…

H: Ora, cresçam!

R: Ele disse “peru” e depois “cresçam”!

MLK: Hahaha, quero dizer: Ho, ho, ho!

http://www.youtube.com/watch?v=XaVtSHrP888

Aquele que vou para o futuro

R: Pensei numa coisa interessante hoje.

H/MLK: Ah, ******!

R: Não, sério. Pensei mesmo.

H/MLK: Ah, ******!

R: Escutem, algum dia eles vão construir a máquina do tempo, certo?

MLK: Eventualmente, se o homem não destruir a Terra antes, sim, imagino que algum dia…

H: E esse dia pode demorar *muito*.

MLK: … alguém vai acabar encontrando um jeito de criar uma máquina do tempo e… o que é isso? Está gravando isso? Tira essa câmera da minha cara!

R: 23 de Outubro de 2008. Olá, homem do futuro! Se está vendo essa gravação é porque encontrou essa fita que guardarei amanhã no cofre e…

H: Como sabe que ninguém vai abrir o cofre antes?

R: Escrevi um bilhete pra colar na porta, logo depois que fechar. Dê uma olhada!

H: “Não abrir antes de inventarem a máquina do tempo. Estou falando sério, seus *****!”. Ah, sim. Isso só pode dar certo.

R: Continuando. Olá, eu de novo. O propósito desta fita é propor um acordo. Eu quero ir para o futuro. Vocês estão me vendo, me busquem. Hoje. Agora.

MLK: Espera. Você vai pro futuro? E o que eles ganham com isso?

R: Eu.

MLK: Ah, sim. Isso só pode dar certo.

R: Então, adeus. Nos vemos no… “presente”.

H: E agora?

R: Agora fecho o cofre, pronto. Colo o bilhete, pronto. E a qualquer momento, serei abduzido pelos homens do futuro.

MLK: …

H: …

R: Qualquer momento agora.

MLK: …

H: …

R: Ei, estou aqui seus *****!

H: Talvez a Terra tenha sido destruída antes da máquina do tempo ter sido inventada.

MLK: Ou os homens do futuro não gostaram de você.

R: Fico com a primeira opção. Um minuto de silêncio pela finada Terra.

H: Achou mesmo que isso ia dar certo?

R: Por que não? Ainda acho. E a qualquer momento posso s

Roteiro "Gambito"

FADE IN.

CENA 1.

TELA PRETA COM A PALAVRA “ABERTURA”.

INT. SALA DE INTERROGATÓRIO - DIA.

UM HOMEM ESTÁ OLHANDO EM PRIMEIRA PESSOA PARA A CÂMERA. ELE ESTÁ SENTADO NUMA CADEIRA E UM GRANDE E FORTE FACHO DE LUZ ESTÁ SOBRE ELE. DE TEMPOS EM TEMPOS VEMOS UMA NUVEM DE FUMAÇA, DO CIGARRO DA PESSOA QUE ESTÁ OUVINDO SEU DEPOIMENTO.

HOMEM - Eles se conheceram na final de um campeonato de xadrez. O jogo durou quarenta e sete horas. Pausas apenas para comer e irem pro banheiro. Pausas de não mais do que dez minutos.

VOZ - Amor à primeira vista?

HOMEM - (ABAFA UMA RISADA) Mais para ódio à primeira vista. (DURANTE ESTA CENA, SÃO MOSTRADAS IMAGENS SILENCIOSAS EM P&B QUE ILUSTRAM O QUE ESTÁ SENDO CONTADO) Já viu dois profissionais jogando? É brutal. Só aí você entende porque chamam xadrez de esporte. Cada movimento, a espera, o suspense. Mas em algum momento do combate, eles passaram a se respeitar. E quando, ele ou ela, eu não sei, propôs o empate, fizeram mais do que simplemente apertar as mãos.

VOZ - Se casaram pouco tempo depois.

HOMEM - Muito pouco tempo depois. E em menos tempo ainda as brigas começaram. Ou recomeçaram, seria melhor dizer. De qualquer modo assim como no xadrez, uma coisa precisa ser dita: eles tinham paciência. Demorou dez anos e dois filhos, um casal, pra finalmente admitirem que o casamento havia sido um erro, e depois mais cinco até os termos do divórcio serem aprovados.

VOZ - Os termos. A imprensa fez um barulho danado.

HOMEM - Claro que fez. (SORRI) Claro que fez. Basicamente eles dividiram todos os seus bens pela metade, mas havia essa cláusula, algo definitivamente sinistro, que hoje sabemos que foi criado em conjunto pelos dois. (DURANTE ESTA FALA MOSTRAR EM P&B O CASAL ASSINANDO PAPÉIS. O HOMEM QUE ESTÁ SENDO INTERROGADO TAMBÉM ESTÁ PRESENTE. ELE CONFERE OS PAPÉIS ASSINADOS E FAZ QUE “SIM” COM A CABEÇA PARA OS DOIS. NOVAMENTE O CASAL APERTA AS MÃOS, NUM GESTO QUASE IDÊNTICO AO QUE FIZERAM NO FINAL DO CAMPEONATO DE XADREZ).

VOZ - Que se um morresse, independente de quando ou como, sem maiores investigações, todo seu patrimônio seria passado para o sobrevivente.

HOMEM - Sinistro, hein? Mas tudo colocado de maneira tão sutil que nem um dos muitos advogados envolvidos suspeitou… a tempo. Até o dia fatídico.

CENA 2.

TELA PRETA COM A PALAVRA “XEQUE”.

EXT. FAZENDA - DIA.

UMA MULHER ELEGANTEMENTE VESTIDA E UM HOMEM VELHO, USANDO UM GRANDE AVENTAL PRETO DE BORRACHA, ESTÃO ATRÁS DE UMA CERCA. NA FRENTE DELES, A UNS DEZ METROS DE DISTÂNCIA ESTÁ ALGO PARECIDO COM UMA MINÚSCULA PLACA DE COMPUTADOR (INCREMENTADA COM UM TAMBÉM PEQUENO INTERRUPTOR E UMA A LUZINHA VERMELHA) EM CIMA DE ALGUMAS TORAS DE MADEIRA.

O VELHO TIRA OUTRO APARELHO DE SEU AVENTAL E CERIMONIOSAMENTE PASSA ESTE PARA A MULHER. A MULHER OLHA O APARELHO POR UM INSTANTE E ENTÃO DISCA UM NÚMERO.

ELA CONTINUA SEGURANDO O CELULAR E AGORA ESTÁ OLHANDO COM ATENÇÃO PARA SEU RELÓGIO DE PULSO. CLOSE NOS PONTEIROS. NOVAMENTE CLOSE NO RELÓGIO. QUANDO ESTE MARCA X SEGUNDOS O OBJETO QUE PARECIA UMA PLACA DE COMPUTADOR EXPLODE, FAZENDO LASCAS GRANDES DE MADEIRA VOAREM PRA TODO LADO.

O VELHO E A MULHER OLHAM ASSUSTADOS, MAS SORRINDO, PARA O RESULTADO DA EXPLOSÃO. A MULHER, SEM DESVIAR OS OLHOS, PASSA PARA O VELHO UM ROLO COM NOTAS PRESAS POR UM ELÁSTICO.

CENA 3.

TELA PRETA COM A PALAVRA “MATE”.

INT. FRIGORÍFICO/ ESCRITÓRIO - NOITE.

UM HOMEM ESTÁ SENTADO EM SUA ESCRIVANINHA, OLHANDO FIXAMENTE PARA FRENTE. ELE ESCUTA PASSOS E SE AJEITA UM POUCO. ESCUTA BATIDAS NA PORTA.

HOMEM - Entre.

UM SUJEITO (FUNCIONÁRIO) ENTRA NO ESCRITÓRIO.

SUJEITO - Já estou de saída, senhor.

HOMEM - Claro, claro. (ESTALA OS DEDOS E MEXE O PESCOÇO) Foi um dia cheio. Ainda preciso revisar um ou dois documentos.

SUJEITO - Gostaria que eu ficasse?

HOMEM - Hum… não, já está tarde. Pode ir, obrigado. Eu cuido de tudo.

SUJEITO - Perfeitamente. Boa noite, senhor.

ASSIM QUE A PORTA SE FECHA O HOMEM SE LEVANTA E TRANCA A PORTA. AGUARDA UM INSTANTE E ENTÃO VAI ATÉ O CANTO DIREITO DO ESCRITÓRIO E OLHA PARA UM MISTERIOSO VOLUME NO CHÃO.

HOMEM - Eu cuido de tudo…

CENA 4.

INT. FRIGORÍFICO/ GELADEIRA - CONT.

O HOMEM DA CENA ANTERIOR ENTRA NUMA GRANDE GELADEIRA DE ESTOCAR CARNE, ELE DEPOSITA O MISTERIOSO VOLUME NO CHÃO. ASSIM QUE ELE LARGA, ESFREGA OS BRAÇOS PARA ESPANTAR O FRIO.

DECIDE OLHAR PARA O CONTEÚDO DO SEU “EMBRULHO”. ELE LEVANTA PARTE DA COBERTA E VEMOS QUE É A MULHER DA CENA ANTERIOR. ELA ESTÁ DESACORDADA COM UM VISÍVEL FERIMENTO NA CABEÇA. O SORRISO DO HOMEM SE APAGA E POR UM INSTANTE PARECE QUE ELE IRÁ DESISTIR DA COISA TODA, MAS POR FIM, ELE SE LEVANTA, OLHA PARA O CONTROLADOR DE TEMPERATURA E GIRA O TERMOSTATO ATÉ O MÁXIMO PARA A ESQUERDA. O HOMEM VAI EMBORA, FECHANDO A PESADA PORTA DE METAL.

CENA 5.

TELA PRETA COM A PALAVRA “GAMBITO”.

INT. SALA DE INTERROGATÓRIO - CONT.

HOMEM - Não sei se você está acostumado com termos de xadrez. Já ouviu falar de gambito? É quando uma peça menor é deliberadamente sacrificada em prol de uma peça de maior valor. (T) Entenda. Ele cometeu um pequeno erro. Um erro fatal.

NOVAMENTE CENAS SEM SOM E EM P&B QUE ILUSTRAM O QUE ESTÁ SENDO CONTADO SÃO MOSTRADAS À MEDIDA QUE A AÇÃO PROSSEGUE.

VOZ - Ela estava viva.

HOMEM - Isso! Mas graças ao celular que ainda estava com ela, sua vingança estava garantida.

VOZ - Ela ligou. Mas o pior aconteceu.

CENA 6.

INT. FRIGORÍFICO - NOITE.

A MULHER ESTÁ DEITADA NO CHÃO. MAL TEM FORÇAS, MAS SORRINDO, CONSEGUE PEGAR SEU CELULAR E O DISCA.

VOZ DE MENINA (EM OFF) - Alô?

A MULHER RECONHECE COM HORROR A VOZ DA PRÓPRIA FILHA. NÃO HÁ MAIS TEMPO PARA NADA. ELA OLHA PARA O RELÓGIO DE PULSO, CLOSE NELE.

MULHER - A mamãe te ama.

ELA ESCUTA O SOM DE EXPLOSÃO ATRAVÉS DO APARELHO. O CELULAR CAI DE SUA MÃO.

CENA 7.

INT. SALA DE INTERROGATÓRIO - CONT.

HOMEM - O pai se matou na mesma noite.

VOZ - E o filho?

HOMEM - Foi morar no estrangeiro com um tio. A última vez que ouvi falar dele foi que ganhou o campeonato europeu de xadrez pela terceira vez consecutiva.

VOZ - Quarta.

O HOMEM COMPREENDE COM QUE ESTAVA FALANDO O TEMPO TODO. TENTA NÃO PARECER NERVOSO, MAS QUANDO VAI FALR, SUA VOZ TREME. PELA PRIMEIRA VEZ A CÂMERA SE AFASTA O SUFICIENTE PRA NOTARMOS QUE ELE ESTÁ AMARRADO NUMA CADEIRA.

HOMEM - O que quer que esteja pensando, está errado. Eu era amigo de seus pais, representei ambos fora e dentro do tribunal.

VOZ - Então o senhor sabia dos termos. O senhor sabia o que iria acontecer e não fez nada para impedir.

HOMEM - Isso foi, isso foi mais de vinte anos atrás, pelo amor de Deus! E seu tio recebeu durante todos esse tempo uma quantia mais do que…

VOZ - Não é pelo dinheiro que estou fazendo isso. Você fez pelo dinheiro.

O HOMEM COMEÇA A GRITAR. SEU INTERROGADOR SURGE DE COSTAS PARA A CÂMERA. ELE ESTÁ USANDO LUVAS. COM BASTANTE FACILIDADE ELE ENFIA UMA PEÇA DE XADREZ (UM PEÃO NEGRO) NA BOCA DO HOMEM E A TAMPA COM FITA ADESIVA.

VOZ - Gambito. Peças menores sacrificadas. Hora de sacrificar a última.

O HOMEM LEVA UM TIRO À QUEIMA ROUPA. SEU CORPO É ARREMESSADO PRA TRÁS E PARA FORA DO FACHO DE LUZ.

FADE OUT.

Roteiro "O Quadro"

FADE IN.

CENA 1.

INT. ESCRITÓRIO - NOITE.

DOIS HOMENS ESTÃO SENTADOS UM NA FRENTE DO OUTRO. UM, O MAIS VELHO, ESTÁ NUMA CADEIRA DE RODAS, O OUTRO ESTÁ AMARRADO: OS BRAÇOS PRESOS NAS COSTAS E AS PERNAS TAMBÉM PRESAS NA ALTURA DOS CALCANHARES. A CADEIRA ONDE ELE ESTÁ, ASSIM COMO TODOS OS MÓVEIS NO ESCRITÓRIO, PARECEM SER EXTREMAMENTE ANTIGOS E EXTREMAMENTE CAROS.

VELHO - É claro que a culpa foi minha. O que uma mulher jovem e linda como ela iria querer comigo? Mas o que é certo é certo, e algo precisa ser feito. Pode imaginar para um homem em minha posição o que… (TEM UM ACESSO DE TOSSE) Desculpe. O que… o que disse?

AGORA VEMOS MELHOR O JOVEM AMARRADO NA CADEIRA. SEU ROSTO ESTÁ UMA MÁSCARA DE SANGUE, UM DOS SEUS OLHOS FECHADO DE TÃO INCHADO. ELE ESTÁ VESTIDO COM UMA CAMISA E UM SHORTS BRANCO.

HOMEM (COM UM FIO DE VOZ) - Não a machuque. Por favor.

O VELHO PARECE ADMIRADO. SE APROXIMA COM SUA CADEIRA PARA FRENTE E FAZ QUE SIM COM A CABEÇA.

VELHO - Dou a minha palavra que ela está fora disso. O meu negócio agora é somente com o senhor e mais ninguém.

HOMEM - Obrigado.

VELHO - Tive uma vida boa. Uma vida completa e boa. Mas não soube envelhecer. Não vi a graça de envelhecer e quis manter… coisas que não precisava e que não poderia mais aproveitar. (T) Olhe pra este lugar. Todos estes objetos… Sabe o que eles são? Medalhas. (MOLHA OS LÁBIOS COM A LÍNGUA E CONTINUA) Cada um deles tem uma história interessante por trás, mas o campeão… é este aqui. (APONTA COM O BRAÇO PARA TRÁS, ONDE UMA GRANDE CORTINA VERMELHA ESTÁ ESCONDENDO ALGO NA PAREDE) É um quadro. Um quadro muito especial.

O VELHO NUM MOVIMENTO RÁPIDO PUXA A CORTINA QUE CAI PESADAMENTE NO CHÃO. O QUE VEMOS É UMA ESTRANHA MOLDURA FEITA DE PENAS NEGRAS, COM FORMATO OVAL, O CENTRO AINDA COBERTO POR OUTRO PEDAÇO DE PANO. ESTE BEM MAIS RÚSTICO E SUJO.

VELHO - Trouxe comigo da África. Mais ou menos quando tinha a sua idade. Mas não estou sendo exato. Eu chamo de quadro, mas o que está atrás dessa… dessa mortalha, é um escudo. Um escudo feito com a pele de um homem muito, muito mau. (RI E TEM UM NOVO ATAQUE DE TOSSE) Tão mau que seu espírito permaneceu preso aqui.

HOMEM - No quadro?

VELHO - Exatamente! Preso no quadro.

HOMEM - Loucura.

USANDO UMA BENGALA QUE ESTAVA EM SEU COLO, O VELHO BATE NA CABEÇA DE SEU PRISIONEIRO.

VELHO - Olhe o nível. Não estrague tudo agora sendo rude. É uma situação desagradável o suficiente. (SE AFASTA E USA UM CELULAR) Venha me buscar!

UM SUJEITO MUITO GRANDE, VESTIDO COM ROUPAS ESCURAS ENTRA. SE POSICONA AO LADO DO VELHO.

VELHO - Estou cansado. Mostre para ele, mostre agora.

O ARMÁRIO HUMANO VAI EM DIREÇÃO AO JOVEM QUE SE ENCOLHE INSTINTIVAMENTE. MAS ELE PASSA DIRETO E TRÁS PARA FRENTE DO JOVEM ALGO QUE DEMORA ALGUNS SEGUNDOS PARA ESTE COMPREENDER O QUE É. NA SUA FRENTE ESTÁ UM CADÁVER SENTADO NUMA CADEIRA IDÊNTICA A QUE ELE ESTÁ. O CORPO ESTÁ EM TAL ESTADO QUE NÃO É POSSÍVEL QUALQUER IDENTIFICAÇÃO. MAS AS ROUPAS AINDA SÃO VISÍVEIS E ELE AS RECONHECE. O JOVEM COMEÇA A CHORAR.

VELHO - Ela sofreu muito. Até o fim. (DÁ UMA RISADA) Agora, preciso que preste atenção. Ela não prestou e o resultado… (OLHA PARA O CADÁVER E CUSPE NELE, OU PELO MENOS TENTA) É simples: o maldito quadro está vivo. Assim que olhar para ele, ele vai olhar de volta para você. E quando isso acontecer, será seu fim. Porque… está prestando atenção? (PERGUNTA PARA SEU AJUDANTE) Ele está prestando atenção?

O SUJEITO GRANDE SEGURA A CABEÇA DO JOVEM E O OBRIGA A OLHAR PARA O VELHO.

JOVEM (PARA O CADÁVER) - Me desculpe.

VELHO - Patético. Mas o que eu poderia esperar de um professor de tênis? Um professor de tênis cujo único talento é conquistar suas alunas ricas. (T) Mas escute, escute! Compreendeu sua situação? Olhe para o quadro e ele o matará! Escutou bem? Não? Ah, outro inútil. São todos inúteis. (BATE COM A BENGALA NO SEU AJUDANTE) Vamos embora. Isso é nojento.

OS DOIS VÃO EM DIREÇÃO A ÚNICA SAÍDA. O JOVEM COM A CABEÇA ABAIXADA CONTINUA CHORANDO.

CENA 2.

INT. ESCRITÓRIO - NOITE/ CONT.

O JOVEM JÁ NÃO ESTÁ MAIS CHORANDO. DE FATO, ESTÁ FURIOSO. ELE SE JOGA NO CHÃO JUNTO COM A SUA CADEIRA, DEBATENDO COM FORÇA CONTRA UMA DAS PAREDES. MAS A CADEIRA NÃO SE QUEBRA.

ELE COMEÇA A MEXER AS MÃOS COM MOVIMENTOS CADA VEZ MAIS BRUSCOS. AS CORDAS PARECEM CEDER UM POUCO, MAS A PRESSÃO FAZ ELAS O CORTAREM. URRANDO DE DOR, ELE USA SEU PRÓPRIO SANGUE PARA UMIDIFICAR AS CORDAS E SE LIVRAR DELAS. DEPOIS DE OLHAR PARA SEUS PULSOS (ESTÃO EM CARNE VIVA), ELE VERIFICA AS JANELAS (COM GRADES) E A PORTA (TRANCADA).

OLHA PARA O CADÁVER E POR UM MOMENTO PARECE FRAQUEJAR. RESPEITOSAMENTE PEGA A CORTINA E A COBRE. REPARA QUE O PANO SUJO QUE COBRIA O TAL QUADRO, ESTÁ NO CHÃO. OLHA PARA CIMA E VÊ ELE PELA PRIMEIRA VEZ:

O QUADRO É DE FATO UM ESCUDO, MESMO COM POUCA ILUMINAÇÃO, O JOVEM CONSEGUE IDENTIFICAR A FIGURA ESCURA DE UM MENINO NU NO MEIO DE UMA FLORESTA FECHADA. O MENINO ESTÁ DE COSTAS, OLHANDO PARA TRÁS, DIRETAMENTE EM SUA DIREÇÃO.

HOMEM - Louco. Velho louco. (COMEÇA A VASCULHAR O LOCAL PROCURANDO OBJETOS QUE POSSAM AJUDAR EM SUA FUGA. HÁ UM MACHADO E UMA ESPADA MEDIEVAL NA PAREDE. ELE ESCOLHE A ESPADA. E ENTÃO, OLHA PARA O QUADRO MAIS UMA VEZ E DÁ UM GRITO).

O MENINO DA PINTURA NÃO ESTAVA MAIS DE COSTAS. AGORA ESTAVA VIRADO TOTALMENTE DE FRENTE PARA ELE, SORRINDO, DENTES AFIADOS À MOSTRA.

HOMEM - Isso não é possível. (UMA GOTA DE SUOR ROLA DE SUA TESTA PARA SEU OLHO E O FAZ PISCAR. GRITA DE NOVO AO PERCEBER QUE A PINTURA MUDOU NOVAMENTE. AGORA O MENINO ESTÁ SOMENTE RETRATADO DA CINTURA PARA CIMA, BEM MAIS PERTO DELE. AS MÃOS ESPALMADAS NA TELA COM A BOCA ABERTA, AINDA SORRINDO, MAS COM A LÍNGUA, UMA LÍNGUA ABSURDAMENTE GRANDE, LAMBENDO A TELA DO “SEU LADO”).

IMEDIATAMENTE ELE VAI EM DIREÇÃO A PORTA E COMEÇA A ESMURRÁ-LA. SEM OBTER SUCESSO, OLHA PARA A ESPADA E TOMA UMA DECISÃO: SE VIRA E COM ELA ERGUIDA, CORRE EM DIREÇÃO AO QUADRO, ATÉ QUE A VISÃO DESTE O FAZ PARAR.

O MENINO NÃO ESTAVA MAIS EM LUGAR ALGUM DA PINTURA. AGORA, APENAS A FLORESTA FECHADA ERA VISÍVEL NA TELA. O HOMEM SENTA NO CHÃO E COMEÇA A RIR. E ENTÃO COMEÇA A GRITAR.

CENA 3.

INT. ESCRITÓRIO - DIA.

A PORTA DO ESCRITÓRIO SE ABRE. O AJUDANTE DO VELHO ENTRA. ELE OLHA PRIMEIRO PARA O CADÁVER COBERTO PELA CORTINA VERMELHA E DEPOIS REPARA NO CORPO DO JOVEM DEITADO DE BRUÇOS NO CHÃO.

VELHO (OFF) - Cubra o quadro! Faça isso rápido e não olhe para ele.

O AJUDANTE, USANDO A MORTALHA QUE ESTAVA NO CHÃO, TOMANDO CUIDADO PARA NÃO OLHAR, COBRE O QUADRO. SAI E VOLTA COM O VELHO.

VELHO (ESTÁ SORRINDO E ENTÃO PERCEBE QUE ALGO ESTÁ ERRADO) - Onde ele está? Onde está aquele maldito…

NÃO TERMINA A FRASE. DO PEITO DE SEU AJUDANTE SURGE A LÂMINA DA ESPADA E ELE CAI MORTO IMEDIATAMENTE. O VELHO DESMAIA AO VER ESSA CENA.

CENA 4.

INT. ESCRITÓRIO - DIA/ CONT.

VEMOS APENAS O VELHO E UM VULTO ATRÁS DELE. O VELHO DÁ UM GRITO AO PERCEBER QUE NA SUA FRENTE ESTÁ O QUADRO: SEM A CORTINA. COM A PINTURA DO MENINO DE COSTAS, OLHANDO PARA TRÁS.

VELHO - O que? O que aconteceu?

HOMEM (ELE É O VULTO ATRÁS DO VELHO, AINDA NÃO PODEMOS ENXERGÁ-LO POR COMPLETO) - É claro que a culpa foi minha. E vou pagar pro resto da minha vida. Mas o que é certo é certo, e algo precisa ser feito…

VELHO (COM OS OLHOS FECHADOS) - Meu jovem, posso entender a sua raiva. Mas agora pode fazer algo muito estúpido e criminoso ou poderá sair daqui um homem muito rico…

HOMEM - Ninguém vai sair daqui. Descobri um modo de vencer o quadro, sabe? Um modo prático e doloroso. Mas não pretendo sair daqui. Apenas quero ficar com você, quando ele finalmente estiver livre. (T) Deverá ser uma visão magnífica… Pena que só você poderá aproveitar.

A CÂMERA MOSTRA O ROSTO DO JOVEM: ELE ESTÁ SEM OS DOIS OLHOS. ELES FORAM ARRANCADOS DE FORMA EXTREMAMENTE RUDIMENTAR.

HOMEM (SORRI) - Terei que me contentar com os gritos.

O JOVEM ERGUE A ESPADA QUE ESTAVA SEGURANDO, E A CRAVA NA COXA DO VELHO QUE GRITA E ABRE OS OLHOS, OLHANDO PARA O QUADRO. DIRETAMENTE.

FADE OUT.